quarta-feira, 27 de março de 2013

Relatório da visita ao CAPS

Postem aqui o relatório da visita ao CAPS.

81 comentários:

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  2. A sensação de entrar no CAPS foi uma miscelânea de receio, curiosidade e o inevitável temor do desconhecido. Logo na porta, fomos recebidos por uma paciente, visivelmente em crise, que rezingava atenção, berrando indignada devido a indiferença daqueles que por ela passavam. Dentre esses estava eu, retraído contra a parede para não despertar maior atenção. Logo todos se acomodaram ao seu canto e com alguns minutos estávamos mais à vontade, menos presos ao ridículo e ao preconceito. E então, deu para começar entender do que se tratava aquela visita.
    Os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial),foram criados como uma estratégia para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Através deles possibilitou-se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário. Foram criados para atender à população, realizar acompanhamento clínico, promover a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecer os laços Familiares e comunitários.
    Fomos então conhecer um dos CAPS, localizado no bairro Siqueira Campos, onde atende pessoas com transtornos mentais moderados ou graves, numa faixa etária que vai de 16 a 70 anos. O centro conta com 390 usuários que frequentam regularmente, uns para consulta médica, outros para acompanhamento multidisciplinar. Como o público é diferenciado, a terapêutica também é variada.
    O Caps conta com uma equipe multidisciplinar: Psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, oficineiros. As oficinas tentam inserir os usuários em atividades, como música e confecção de bijuterias, dessa forma sentem-se mais inseridos, diminuindo as crises no ano. São realizadas festas com os usuários, como a sexta legal uma vez por mês, onde há oportunidade de inseri-los socialmente. E ainda é feita a terapia individual com alguns, dependendo de sua condição, pois usuários muito comprometidos com transtornos crônicos não conseguem aderir.
    A equipe procura fazer visitas domiciliares para avaliar o ambiente do usuário, o convívio com os seus familiares e acompanhar de perto sua evolução, procurando ter sempre um contato com a família. E ainda conversam com os mesmos para saber se eles têm ideia de sua situação ou de sua realidade. No CAPS são também realizadas assembléias semanais, onde os usuários têm a oportunidade de expressarem-se e debaterem sobre assuntos atuais. Uma forma deles mostrarem que não são incapazes, que também tem opiniões e sabem pensar. E são nesses momentos que eles falam muito sobre o preconceito que enfrentam na sociedade.
    O CAPS funciona 24 horas, fica uma equipe terapêutica durante o dia e à noite e final de semana, uma equipe de enfermagem composta por 1 enfermeiro e técnicos de enfermagem. Usuários em crise que necessitam de medicação mais rigorosa, permanecem a noite e dormem lá até melhorar. O médico fica de segunda a quinta e caso algum usuário entre em crise sem o médico presente o procedimento é chamar o SAMU e levar para urgência mental.
    Existem ainda as residências terapêuticas, um programa criado para acolher usuários que passaram anos no manicômio e ao sair, não encontram suas famílias ou não são aceitos por elas. Eles residem nessas residências, mas a parte terapêutica é feita no CAPS, onde vão 3 vezes por semana. Cada residência tem um líder e este tem conhecimentos de enfermagem e também tem os cuidadores, que mantem a organização da casa.
    No fim da visita, já tínhamos outra visão do cuidado ao paciente psiquiátrico, não mais romantizada ou idealizada, porém certamente mais realista e crítica. Uma vez que, entramos de braços cruzados em sinal de auto-proteção e alguns de nós saíram, literalmente, de braços dados com o paciente, em sinal de empatia ou equidade(Fatos reais, podem confirmar com o acadêmico Vinícius...rsrs).
    Link: portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797...

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  3. No dia 14/03 fizemos uma visita ao CAPS Liberdade localizado no Siqueira Campos, para podermos entender melhor seu funcionamento e termos um primeiro contato com pacientes psiquiátricos. Num primeiro momento, acredito que todos se sentiram um pouco acuados pela situação, pois era um lugar meio assustador, com grades, cadeados na porta, pessoas rodando de um lado a outro, gritando, falando sozinhas. Em um segundo momento deu para se acalmar mais, pois percebemos que eram apenas pacientes como outros quaisquer e que não representavam risco real. Esse é um CAPS tipo I, portanto atende pacientes mentais graves além também de dependentes alcoólicos e químicos e tem uma demanda de 520 pessoas. Nós começamos a visita em si assistindo a assembleia dos usuários do posto, a qual acontece toda quinta e tem como função reunir os usuários, seus familiares e funcionários para que sejam discutidos quaisquer assuntos que os próprios usuários desejem (inclusive são eles que fazem a pauta) e para que sejam repassadas aos pacientes informações importantes dos serviços prestados pelo CAPS, como oficinas de artesanato, aulas de convívio social, etc. Após essa reunião acompanhamos a assistente social Larissa, que é coordenadora desse CAPS, e outro funcionário até uma sala onde eles nos explicaram melhor o funcionamento do centro. Foi explicado que através das oficinas temos os principais meios de desenvolvimento dos usuários. Existem varias cada uma com um objetivo diferente, mas todas com o intuito de promover interação, melhorar a qualidade de vida e facilitar a convivência desses pacientes na sociedade. Como exemplo, podemos citar a oficina de cidadania, coordenação motora, habilidades gerais, pintura, etc. Outra coisa que eles enfatizaram é que toda reunião eles precisam falar que não os usuários não podem ficar 24 horas no CAPS, isso porque muitos deles só fazem alguma coisa diferente da vida quando vão para lá, sendo que preferem a ficarem em suas casas onde ficam parados. É importante o acompanhamento com visitas domiciliares que fazem a esses pacientes exatamente para verificar se eles estão vivendo em condições boas e explicar para família que precisam ser estimulados e não ignorados. Ela nos informou ainda que o acolhimento noturno é feito apenas para pacientes em crise e que dispõem de 8 leitos, 4 masculinos e quatro femininos, mas pode haver remanejo.
    Continua...

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  4. Para o SUS, é função do CAPS:
    - prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos;
    - acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território;
    - promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais;
    - regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação;
    - dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica;
    - organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios;
    - articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território
    - promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
    Pelo relato da coordenadora, todas essas funções listadas acima são cumpridas e tem efeito considerável numa melhoria na qualidade de vida desses pacientes. Porém a partir de alguns relatos que ouvi de pacientes psiquiátricos em outras ocasiões, falta uma maior assistência quando estes necessitam de atendimento em facilidades que não estão acostumadas a lidar com pacientes psiquiátricos, principalmente os mais severos. Na verdade é um despreparo e medo que acomete os profissionais da saúde de outras áreas assim como aconteceu com nos alunos quando entramos no CAPS pela primeira vez. Inclusive já ouvi uma historia triste de uma paciente, que procurou o atendimento básico pra realizar extração dentária, pois seus dentes estavam literalmente podres e doíam muito, porem este a foi negado porque o dentista simplesmente negava esse tipo de procedimento em pacientes psiquiátricos a menos que fosse assistido por medico ou psiquiatra que pudesse conter alguma ocasional crise, e é claro que num serviço o publico nunca iria obter essas condições e simplesmente mandou a senhora procurar um serviço de urgência para tratar sua dor. Não sei como esse tipo de situação que com certeza ocorre diariamente poderia ser reparado, mas acho que cabe a esses profissionais do CAPS assistir esses pacientes nessas situações para que sejam tratados devidamente. Mas como já disse, para o que se propõem o CAPS funciona muito bem. É importante frisar também que o papel do CAPS é substituir os hospitais psiquiátricos e não complementa-los, ou seja, é impedir que esses pacientes necessitem de internamento e possam viver bem compensados em suas próprias casas e caso apresentem alguma crise possam ser transportados rapidamente para o centro que possui recursos necessários para tirá-lo desta.
    Referencias:
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33882 acessado dia 29/03/2013
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela acessado dia 29/03/2013

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  5. Bruno do Amor Divino Pereira

    A visita ao CAPS Liberdade foi uma espécie de “conhecimento do inferno” – não do inferno moral de Dante, mas, sim, algo do inferno sanguíneo de Rimbaud. A loucura posta em chamas ao alcance do toque.
    Friamente. O CAPS Liberdade oferece um serviço de reintegração social dos usuários, baseado em um incentivo constante à autonomia através de assembleias e oficinas terapêuticas. As assembleias, durante as quais são discutidas pautas de interesse dos usuários, se arranjam quadrilateralmente, com todos os funcionários compartilhando um grande banco, postado de tal modo que o restante dos participantes, ou seja, os usuários, possam voltar-se para aqueles, com o intervalo de um espaço vazio central. Diante dessa disposição fica a impressão de que há uma hierarquia atenuando a voz dos reclamantes, ora mais ora menos exaltados.
    A estrutura física do CAPS Liberdade não se distancia tanto dos antigos manicômios, verdade seja dita. Mas o trabalho que se faz ali representa um enorme avanço no tratamento das pessoas com... “desarmonias mentais”. Procura-se o melhor meio possível de humanizar – humanização através da expressão, autonomia, inserção social, permitindo ao usuário conquistar criativamente o espaço público, que também é seu por direito – aquelas pessoas que, por condições especiais, foram expropriadas dos seus direitos de cidadania, como também do seio da família e das amizades, principalmente pela ignorância das pessoas frente à loucura. Dificuldade comum enfrentada pela equipe profissional é a recusa das famílias em cooperar, muitas delas querendo apenas livrar-se dos seus “loucos”, lançando-os na grande stultifera navis do Estado. Pois, relato dos próprios funcionários, às vezes, a própria Justiça, atendendo às exigências estéticas de parcela da população, expede ordem para retirar os “tolos” da vista, afinal são economicamente desimportantes. O CAPS Liberdade também funciona como residência terapêutica.
    Por fim, essa visita deixou a impressão geral da inconsistência – e ao mesmo tempo facilmente aceitável – da distância que nos separa daquelas pessoas, que – derivando do pensamento de Shylock – são capazes de sentir as mesmas dores, as mesmas emoções, as mesmas necessidades que nós, têm vontades como nós, mas que, por circunstâncias externas a todos nós, a nós e a elas, somos mutuamente incompreensíveis.

    REFERÊNCIAS:
    Foucault, M. A História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva, 6ª ed., 2000.

    Kantorski, L.P. et al. Avaliando a política de saúde mental. Disponível: http://revispsi.uerj.br/v10n1/artigos/pdf/v10n1a16.pdf. Acesso em 31/03/2013.

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  6. Raquel Mazzotti Cavalcanti da Silva

    Essa foi a visita que mais despertou meus sentimentos e emoções e me fez refletir sobre a vida. Como Jordanio, mencionou, nós fomos recebidos por uma paciente em crise. No entanto, eu não percebi de imediato que ela estava em crise porque ela estava reclamando do atendimento e isso corrobora a imagem de que o SUS não funciona e que as pessoas são mal atendidas. Só depois de ouvir o teor do que ela realmente dizia foi que eu percebi a incoerência de seu discurso. Foi uma sensação de extrema impotência. Não sabia se devia tentar acalmá-la ou se falava com ela... Mas falar o que? Acalmar como? E se eu piorasse a situação? Assim, fiz a escolha mais fácil: a de me ausentar para não sofrer junto. E me recolhi como um caracol em sua concha.

    Logo em seguida, assistimos a uma assembleia dos usuários do CAPS. Foi uma experiência única. Havia pessoas que pareciam saídas dos livros de Psicopatologia, como um rapaz que andava incessantemente e encadeava ideias sem nexo, e havia outras que, à primeira vista, ninguém se atreveria a dizer que possuía um distúrbio mental. Ao contrário do colega Bruno, eu não percebi a existência de uma hierarquia na reunião. Vi os funcionários apenas como orientadores e organizadores. Na verdade, fiquei muito surpresa com o estímulo que é dado ao desenvolvimento da autonomia dos pacientes. Um deles presidiu a Assembleia, outro fez a ata e todos eram livres para dar informes e fazer comentários e sugestões para a pauta. Durante a reunião, pudemos perceber a importância das oficinas na promoção da saúde mental. Acredito que essa iniciativa não deveria ser restrita aos CAPS, pelo contrário, devia se estender para toda a comunidade, de modo a prevenir o surgimento de doenças mentais.

    Após a reunião a funcionária Larissa e o oficineiro Aragão nos explicaram sobre o funcionamento da unidade. O CAPS III Liberdade é um serviço 24h que atende em torno de 520 adultos com distúrbios mentais. Ele é composto por uma equipe multiprofissional com psiquiatra, psicólogo, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, oficineiros e educador físico. Esses profissionais acolhem, desenvolvem atividades coletivas e individuais, estimulam a prática de esportes, realizam oficinas de reabilitação e prestam atendimento aos pacientes. O CAPS III Liberdade também oferece acolhimento noturno para os pacientes em crise. (1,2)

    Os CAPS surgiram após a Reforma Psiquiátrica e tem como objetivo de substituir o modelo hospitalocêntrico, evitando as internações e favorecendo o exercício da cidadania e da inclusão social dos usuários e de sua família (1). No entanto, deve-se observar que se deve contar também com o apoio da família. Existem espaços que estimulam a interação da família com o CAPS, mas é comum que os parentes se ausentem porque atribuem o ato de cuidar exclusivamente ao CAPS.

    A visita foi muito proveitosa e enriquecedora, pois possibilitou vivenciar na prática conteúdos que até então eram apenas teóricos pra nós. Além disso, pudemos também nos questionar sobre a influência da sociedade na conduta de casos como o da “velha do shopping”. Enfim, essa visita serviu para desfazer muitos preconceitos e abrir o coração para ver o próximo como nosso igual.

    Referências bibliográficas:

    1. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

    2. http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela Acesso em: 31 de março de 2013.

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  7. No CAPS Liberdade fomos recebidos pela assistente social Larissa e pelo oficineiro Aragão, que nos passaram algumas informações. O CAPS Liberdade tem 520 usuários, sendo cerca de 200 ativos, e acompanha casos de transtorno mental grave (por isso, em geral, o acompanhamento é pelo resto da vida). O tratamento no CAPS se baseia em muitos pilares: acolhimento e escuta, criação de vínculo, oficinas, psiquiatria, medicamentos e até contenção verbal ou física em crises agudas. O objetivo do CAPS é de acolher o paciente e promover sua autonomia, e não institucionalizar os usuários do CAPS (como pensam muitos familiares, que fazem do CAPS uma “creche”). Uma dificuldade comum é o contato com os familiares. No CAPS, estimula-se que o paciente reconheça e admita seu transtorno mental. Nas oficinas, os usuários são estimulados a criar habilidades e a manter convívio social. No CAPS Liberdade há dois psiquiatras, que não trabalham em sistema de plantão. Os funcionários do CAPS (e até os próprios usuários) criam vínculos, o que é importante para o acolhimento do usuário e para reconhecer quando ele está entrando numa crise (as crises podem durar dias, semanas ou meses e, em alguns pacientes acontecem de maneira cíclica). É feita, inclusive, busca ativa do paciente em casos de perda de vínculo.
    O estímulo enfático dos CAPS ao convívio social para os pacientes com transtorno mental foi um ganho trazido pela Reforma Psiquiátrica, que defendeu a substituição do isolamento (“o cantinho dos loucos”) pelo convívio social (1). Também com o objetivo de promover a integração social dos pacientes com transtorno mental fora do ambiente hospitalar e inserido no contexto da Reforma Psiquiátrica, o Ministério da Saúde implantou o Programa De Volta pra Casa (2). Nesse programa estimula-se o convívio social extra-hospitalar de pacientes muito tempo institucionalizados ou com alto grau de dependência institucional. A assistência aos pacientes com transtornos mentais também é feita com as RT (Residências Terapêuticas), que são casas que abriga pacientes egressos dos hospitais psiquiátricos três vezes por semana na tentativa de integrá-los ao ambiente social.
    Os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) têm papel importante na Rede de atenção psicossocial. Uma prova disso foi a diminuição de internações nas clínicas, como a Clínica São Marcelo. Em casos de crises agudas (urgência mental), por exemplo, é preferível que se faça a estabilização do caso em um CAPS do que numa clínica. Assim, os hospitais psiquiátricos vêm sendo substituídos progressivamente. Existem quatro tipos de CAPS: I, II, III (por ordem crescente de complexidade e público), i (crianças e adolescentes) e AD (dependência de substâncias psicoativas).
    Continua...

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  8. Chegamos ao CAPS durante a assembleia dos usuários. Confesso que não sei definir as mil sensações que se passaram dentro de mim. Um misto de surpresa, medo, receio, graça, pena, solidaderidade. Tentava olhar o rosto de cada um e observar seu comportamento na tentativa ingênua e frustrada de identificar seu transtorno mental. O inquieto que não parava de falar (esquizofrenia?), a senhora gritando que era negra (delírio?), as muitas senhoras cabisbaixas (depressão?). Me perdi em meio às minhas hipóteses ao ver pessoas aparentemente tão “normais” e ao perceber que fazia uma análise muito superficial.Ao ver a senhora em crise mental aguda, tive o mesmo sentimento de impotência citado pela colega Raquel Mazzoti. O que fazer? E a mesma atitude: fechar os olhos e fingir que não te atingiu. Sei que eu, como estudante de medicina, não deveria ter essas sensações, nem ver com tamanha estranheza os usuários do CAPS. E pior, me abster do sofrimento alheio. Talvez essa estranheza aos pacientes com transtornos mentais deva-se ao preconceito que criamos dos “loucos”, ao fato de ainda não ter pego a disciplina de psiquiatria ou por falta de experiência. Nesse ponto, a visita ao CAPS proporcionada pela disciplina foi um alerta de que é preciso conhecer, ter experiência com a saúde mental a fim de diminuir a estranheza a esse tema. É bom lembrar que 12% da população necessita de algum atendimento em saúde mental, essa é uma parcela da população que - como qualquer outra pessoa - necessita de atenção à saúde e de cuidados médicos, não de exclusão e estranheza.
    (1). http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf
    (2). http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/prog_volta_para_casa.pdf
    Mayza Souza Costa

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  9. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), foram criados como uma estratégia de Reforma Psiquiátrica Brasileira. Através deles possibilitou-se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país.
    O atendimento abrange pessoas com transtornos mentais moderados a grave onde há uma diversa oferta de tratamento terapêutico, por isso acabam abrangendo um público diferenciado. Como o público é diferenciado, a terapêutica também é variada. Para isso o Caps conta com uma equipe multidisciplinar: Psiquiatra, psicólogo, enfermeiros, terapeuta ocupacional e oficineiros.
    O atendimento prestado lá é de 24h, sendo que nos finais de semana e feriados, a presença de prestação de serviço se faz pela equipe de enfermagem. Existem lá, usuários de acolhimento noturno ( usuários em crise, desajuste de medicação e comportamento), sendo equipado com 8 leitos( 4 fem e 4 masc), sendo que estes usuários permanecem lá até obter a melhora, não tendo um tempo definido de estadia.
    O tratamento inclui oficinas que tentam inserir os usuários em atividades, como música, artes e confecção de bijuterias, além de diversas atividades. Dessa forma sentem-se mais inseridos, diminuindo as crises. Também são realizadas festas com os usuários, como a sexta legal uma vez por mês, onde há oportunidade de inseri-los socialmente. E ainda é feita a terapia individual com alguns, dependendo de sua condição, pois usuários muito comprometidos com transtornos crônicos. Outra atividade realizada são assembléias semanais, onde os usuários terem a oportunidade de expressarem-se e debaterem sobre assuntos atuais. Uma forma deles mostrarem que não são incapazes, que também tem opiniões e sabem pensar. E são nesses momentos que eles falam muito sobre o preconceito que enfrentam na sociedade.
    Existem também as residências terapêuticas, um programa criado para acolher usuários que passaram anos no manicômio e ao saírem, não encontram suas famílias ou não são aceitos por elas. Eles moram nessas residências, mas a parte terapêutica é feita no CAPS, onde vão três vezes por semana. Cada residência tem um líder e este tem conhecimentos de enfermagem e também tem os cuidadores, que mantém a organização da casa.
    O CAPS procura ainda trabalha com as famílias dos pacientes, pois muitas famílias os negligenciam. A equipe procura fazer visitas domiciliares para avaliar o ambiente do usuário, o convívio com os seus familiares e acompanhar de perto sua evolução, procurando ter sempre um contato com a família e como anda o comportamento do paciente em casa. E ainda conversam com os mesmos para saber se eles têm idéia de sua situação ou de sua realidade.
    Dessa forma, percebemos que a criação dos CAPS foi uma estratégia que deu certo, pois ao invés de manter a pessoa em um ambiente fechado de um hospital psiquiátrico, onde só recebiam medicações, criou-se um ambiente mais apropriado para sua recuperação, onde o usuário além de receber medicações, são também inseridos socialmente, conhecem a história de outras pessoas com os mesmos problemas e tem uma maior liberdade, facilitando e tornando ainda mais rápida sua recuperação. Ressalte-se assim, a importância de tratarmos essas pessoas como participantes do mundo social, proporcionando sua liberdade de direito e tentando compreendê-las de uma maneira menos discriminadora e mais acolhedora

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  10. FELLIPE SÁ MENEZES

    Com certeza, essa visita foi a que nos despertou mais ansiedade. Muitos podem ter sentido diversos sentimentos pavorosos, imbuídos pelo desconhecimento do que viria em seguida, no entanto acho que excetuando-se alguns sustos iniciai, vemos um ambiente que acolhe no qual funcionários buscam mediar as crises e tranquilizar os pacientes. Os CAPS são um dos alicerces fundamentais do SUS já que no quesito atendimento a pacientes psiquiátricos pouco ou nada existia. Foi minha segunda visita ao CAPS da Liberdade e como a primeira tive excelentes impressões daquele lugar. Fomos recebidos por funcionárias que passam bastante tranquilidade e senti bastante carinho na forma que as mesmas tratam os pacientes. Lá há equopes de psicólogos, psiquiatras, cuidadores, enfermeiros que desempenham juntos um papel multidisciplinar visando a reinserção dos pacientes nas suas antigas familias, trabalho e em locais publicos. Além disso, há diversas oficinas (musica, pintura, etc) que pretendem diminuir o numero e a intensidade das crises; há atividades físicas; atividades lúdicas; medicações (antes o principal tratamento) e há ainda a existencia de reunioes com os familiares visando conhecer melhor as relações familiares já que muitas vezes tem papel fundamental na fisiopatologia.
    Os CAPS foram inseridos no contexto da Reforma Psiquiátrica visando a substituição gradativa dos tão polemicos Hospitais Psiquiátricos. Tais Centros funcionam todos os dias 24hrs e oferecem serviços de consultas medicas, além de nos casos mais graves que não são direcionados à Urgência Mental oferecem serviço de internamento. Nos casos mais crônicos que levam mais tempo, os pacientes são encaminhados para Residências onde muitos não tem mais famílias que o acolham. Nessas residência há uma escala oficial de cuidadores que tem conhecimentos de enfermagem.
    Como falei anteriormente, fiquei muito satisfeito com essa visita, vale ressaltar que não me apego a romantismos mas apenas ao que vi livre de artefatos romantistas. Dessa forma, talvez a maior preocupação atual seja a falta de pesquisas que nos permitam embasamento científico e impedir que haja manicomialização desses centros já que muitos funcionários mesmo que sejam cuidadosos e transmitam carinho foram funcionários dos antigos Hospícios.
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela
    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232009000100021

    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=925

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  11. Maria Augusta C. T. de Almeida
    A visita ao CAPS Liberdade mesclou um conjunto de sensações que me trouxeram à mente alguns pontos a refletir tanto como indivíduo quanto como futura médica. Sensações que foram do medo do contato direto com os pacientes à admiração pelo seu potencial. E isso tudo mexeu em muitos estereótipos que foram criados e que eu, talvez por falta de conhecimento e experiência, também sustentava.

    O trabalho oferecido no CAPS me surpreendeu bastante. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Foi o surgimento destes serviços que passou a demonstrar a possibilidade de organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Cabendo a eles o acolhimento e a atenção às pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário. (1). Nesta visita, presenciamos inicialmente uma assembleia, que ocorre semanalmente, na qual a equipe profissional se reúne com os usuários. Nesse momento, um rapaz aproximou-se de mim, ele falava sem parar, às vezes as frases faziam sentido, às vezes não. Eu, num misto de receio, impotência e surpresa, fiquei sem reação. Com o decorrer da assembleia, fui me familiarizando e me surpreendendo não só com o trabalho do CAPS, mas também com os pacientes ali presentes. Alguns dos pacientes não pareciam nem sequer apresentar transtorno mental.
    Logo após, fomos recebidos pela gerente Larissa, que é assistente social, e pelo oficineiro Aragão, que nos repassaram algumas informações. Este CAPS com 520 usuários, sendo que 200 são frequentadores e os demais recebem atendimento por meio de consultas ambulatoriais e domiciliares. A equipe é multiprofissional, sendo composta por psicólogos, assistentes sociais, dois psiquiatras, entre outros. O carro chefe são as oficinas que têm como objetivo desenvolver as habilidades, como a melhora da coordenação motora e do discurso/fala. O oficineiro Aragão relatou que a evolução dos pacientes com as oficinas é evidente e que os próprios pacientes enxergam a melhoria na qualidade de vida.

    Um momento que me causou muita satisfação foi quando Larissa nos contou que os psiquiatras se relacionam muito bem com toda a equipe profissional do CAPS, inclusive pedindo opinião dos demais profissionais quanto à conduta terapêutica a ser tomada, tendo em vista que o médico não passa tanto tempo com os usuários como os demais membros da equipe. Cada paciente é uma pessoa que possui uma doença e não uma doença que possui uma pessoa, de tal modo que cada indivíduo merece um projeto terapêutico singular, merece cuidado e atenção. Acredito que isto seja válido para todas as especialidades, e, em especial, para a psiquiatria.

    Dentre os muitos entraves enfrentados pelo CAPS estão a família do usuário e a luta contra o preconceitos – dificuldades estas que, por vezes, se entremeiam. Muitos parentes não participam das atividades promovidas pelo centro e não corroboram com o tratamento. Lembro-me que a gerente nos contou que o período de festas é quando aumenta o número de usuários ativos dormindo no CAPS, chegando ao ponto dos familiares provocarem uma crise para que este paciente fique internado e “não estrague” a festa.

    A despeito de todas as dificuldades particulares do sistema de saúde, acredito que esses profissionais do CAPS realmente se aproximam e lutam para atingir o objetivo da reforma psiquiátrica e da estratégia da Atenção Psicossocial que é “tratar a saúde mental de forma adequada, oferecendo atendimento à população e promovendo a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho e ao lazer, a fim de fortalecer os laços familiares e comunitários”(1). Ao final da visita, saí com uma mescla de admiração pelo trabalho e de reflexões, mas certamente com uma visão mais clara e menos estereotipada. Espero que tenhamos mais experiências como essa ao longo da nossa formação.
    1.http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf.
    2.http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33929.

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  12. A visita ao CAPS liberdade coincidiu com o dia da assembleia dos usuários, da qual fomos convidados para assistir, uma sorte. Podemos constatar que os usuários tem voz ativa que são capazes de expressar suas opiniões de forma coerente, dessa maneira, antigos rasos foram por terá, como: “louco é tudo igual, eles não sabem o que dizem e fazem.” Logo após a assembleia, reunirmos com a assistente social Larissa e oficineiro Aragão em uma sala mais reservada. Eles nos explicarão a dinâmica do CAPS, seus objetivos e tiramos todas nossas duvidas.
    O CAPS liberdade como outros busca criar um vinculo com seus usuários através do acolhimento. O CAPS liberdade com ainda com oficinas e atendimento psiquiátrico (dois psiquiatras atendem em alguns horários), remédios também são oferecidos. Os usuários podem dormi se necessário, exemplo: problemas com familiares. Outro serviço são as casa de apoio, elas são residência terapêuticas, esses locais estimulam os usuários a ter independência e convívio social. Um ponto que deve ser ressaltado é o comportamento amistoso dos usuários, raramente ele precisão ser são conditos fisicamente.
    O objetivo principal e mais difícil do CAPS fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Os familiares ainda estão impregnados com a ideia de institucionalização dos pacientes nos manicômios e comparam erroneamente com o CAPS. O CAPS procura esclarecer os familiares e promove o convívio com os usuários, exemplo disso são as festas de aniversários realizada no CAPS. A sociedade enxerga no paciente psiquiátrico um ser desprovido de inteligência, perigoso e incapaz de conviver em sociedade, preconceitos relatados durante a assembleia.
    O movimento anti-manicomial representa o processo de transformação do atendimento dos serviços psiquiátricos, onde o CAPS se inseriu nessa politica. Antes os “loucos” era excluídos e os manicômios eram locais pessoas são mantidas em situação humilhante, no isolamento, privadas de liberdade e sem possibilidade de recuperação, onde praticas com torturas medievais era chamada de tratamento. Como médicos, no entanto, devemos trata-los como iguais dando-lhe saúde tanto física, mental e principalmente, social.

    Referências bibliográficas:
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela

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  13. DULCILENE SANTOS AZEVEDO

    CAPS é um Centro de Atenção Psicossocial de referência e tratamento para pessoas com sofrimento psíquico. É um recurso em saúde mental, constituindo-se em um serviço substitutivo ao modelo asilar, de assistência extra-hospitalar que diminui e procura evitar reinternações psiquiátricas, buscando a ressocialização do indivíduo. Seu objetivo é oferecer atendimento à população realizando o acompanhamento clínico e reinserção social dos usuários, contribuindo para o resgate da cidadania em função da discriminação por ser acometido de sofrimento psíquico.

    Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental, têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário.
    É função dos CAPS:
    - prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos;
    - acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território;
    - promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais;
    - regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação;
    - dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica;
    - organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios;
    - articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território
    - promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

    O CAPS Liberdade foi inaugurado em 2002, dentro da Emergência Psiquiátrica do antigo Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho, já com a proposta de melhorar a atenção aos pacientes. Pouco tempo depois, a unidade foi transferida para a rua Senador Rolemberg, no bairro São José. Atualmente, o serviço está disponível na rua Distrito Federal, nº 1.012, bairro Siqueira Campos. A equipe do CAPS é formada por dois psiquiatras, psicólogo, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, oficineiros e educador físico.

    No atual prédio, o CAPS Liberdade conta com sala para acolhimento, dois consultórios para atendimento individual, duas salas de repouso com leitos para acolhimento noturno - sendo uma para os homens e outra para as mulheres -, posto de enfermagem, refeitório, duas salas de oficina, onde é trabalhada aas habilidades dos usuários, e uma sala para grupos terapêuticos, além de uma área livre para a prática de esportes.
    Essa unidade conta hoje, com 520 usuários ativos mas apenas 200 frequentam. Os demais são para consultas e atendimento domiciliar.
    Ao chegarmos lá, numa manhã de quinta-feira, estava ocorrendo a assembléia dos usuários. Logo no início eles escolhem um coordenador da assembléia, que é um dos usuários, que faz o seguimento e organiza a reunião. Na reunião ficou bem claro que os funcionários desejam e incentivam a autonomia deles. Pedem que eles não fiquem o dia inteiro no local, que mantenham outras atividades fora dali, etc. Mas, nesse prédio há 14 pacientes oriundos dos Hospitais psiquiátricos desativados. Eles ficam lá na segunda, na quarta e na sexta. Há acolhimento noturno para pacientes em crise, quando a crise passa, eles são mandados para casa.

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  14. DULCILENE AZEVEDO (Continuação)

    Um problema colocado em pauta foi sobre a situação social dos usuários, pois os profissionais podem ajudar a resolver as crises, mas não a questão social. Como exemplo foi citada uma mulher, moradora de rua que, nas crises é acolhida lá mas quando passa a crise ela volta para as ruas. Outro problema é o estabelecimento do vínculo com a família, pois muitas não querem se responsabilizar e acabam abandonando o parente com transtorno mental, quando ele volta pra casa não é bem cuidado e até casos em que determinadas épocas do ano, os familiares de alguns usuários fazem de tudo para que eles manifestem a crise e assim, livram-se dele porque vai colocá-lo no CAPS. Além disso , só uma minoria comparece às reuniões familiares.
    Os usuários tem direito a um benefício do governo, o “de volta para casa”, pois muitos dos usuários eram os chefes das famílias e com o transtorno a família ficou desamparada. Se um usuário desaparece do serviço, faz-se busca ativa.
    Achei o local muito descuidado, os leitos bagunçados, talvez reflexo das atitudes dos próprios usuários. Como não foi nos apresentada a estrutura toda, não saberia opinar sobre tal. Mas, em contrapartida, achei que os usuários sentiam-se muito bem naquele lugar. E assim, conclui que os preceitos do Ministério da Saúde citados no início deste relato, pareciam estar sendo cumpridos.
    Assim como a colega Raquel, me senti fazendo as relações com o que eu já tinha visto na disciplina Psicopatologia, analisando este mesmo senhor que a colega cita, as frases encadeadas, sem nexo, nossa como ele falava! A senhora em crise, que colocava toda sua questão social, ser pobre, negra, como o entrave para o seu atendimento, os enho que estava tão atualizado nas notícias que me deixou boquiaberta porque eu nem fazia idéia que o que ele falava estava acontecendo. Enfim, cada indivíduo na sua mais pura singularidade, com seu sofrimento e história de vida.



    http://saude.teresina.pi.gov.br/caps
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela
    http://www.aracaju.se.gov.br/index.php?act=leitura&codigo=37290

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  15. CAPS
    A visita ao CAPS liberdade foi uma tentativa de compreender as novas práticas da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Conta equipe interdisciplinar composta por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistente social. Adotam múltiplas intervenções terapêuticas, a compreensão psicanalítica e o tratamento farmacológico, integram a base dessa clínica complexa e ampla.

    Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm valor estratégico para essa Reforma, pois propiciam a permanência em seu meio comunitário em detrimento da centralização promovida pelo hospital psiquiátrico (manicômio, hospício) (1). O seu objetivo é reinserir socialmente o indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários (2). Para isso são feitos reuniões com participações familiares, outras reuniões com os usuários para tomada de decisões quantos as possíveis oficinas e atividades a serem desenvolvidas no CAPS.

    O CAPS participa da rede de saúde mental como porta de entrada. A estrutura é muito diferente das UBS, mas se assemelha com uma casa, porém os cômodos só possuem colchões no chão. O policial fica na porta para vigília desde a entrada e saída quanto na contenção de algum usuário. Há um espaço aberto para refeições e reuniões e há salas menores reuniões menores como foi a nossa visita ao CAPS.

    A reinserção do usuário e progresso desses pacientes são lentos. Uma das principais dificuldades dos usuários é abandono pela família e discriminação. Compondo a assistência básica da saúde mental, existem as residências terapêuticas que possuem cuidadores e abrigam aqueles pacientes que perderam definitivamente o vínculo com a família e com a comunidade natal. Essas residências destinam-se principalmente àqueles abrigados no manicômios.

    (1) Ministério Público Federal. Declaração de Caracas. Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/saude-mental/declaracao_caracas. Acesso em: 1 de abril de 2013.

    (2) Ministério da Saúde. Centros de Atenção Psicossocial - CAPS. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela. Acesso em: 1 de abril de 2013.

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  16. LUCAS OLIVEIRA CARVALHO ALMEIDA

    A visita foi realizada no dia 14/03/2013 ao CAPS liberdade localizada no bairro Siqueira Campos. CAPS significa Centro de Atenção Psicossocial e seu objetivo é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental, têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário.

    Concordo com Jordânio. No início houve um certo temor. Sendo bem sincero, no primeiro momento logo na entrada tive um certo receio, pois percebi que o local tinha grades, mas mesmo assim entrei. Depois fiquei com um pouco de medo dos pacientes, pois não sabia direito qual seria a reação deles. Logo na entrada tinha uma mulher que estava gritando bastante e logo depois uma mulher parou na minha frente e ficou me olhando fixamente por um bom tempo. Com um tempo comecei a me acostumar com o ambiente. Fomos convidados a assisti uma assembleia com os pacientes. Nessa assembleia quem colocava as pautas eram eles próprios. Pude perceber que essa tinha como objetivo fazer com que os pacientes interagissem uns com os outros e exporem suas ideias já que um dos objetivos do CAPS é promover uma maior autonomia do paciente.

    Depois da assembleia Larissa, a assistente social e coordenadora, começou nos explicando um pouco sobre a estrutura e o funcionamento do CAPS. No total são 520 usuários ativos sendo que apenas 200 são fixos e os demais são consultas e atendimento domiciliar. No caso do atendimento domiciliar é porque os pacientes não recebem uma alta médica, eles tem que sempre estar recebendo visitas para ver se o quadro está controlado e ver se o paciente está em boas condições .No total são 8 leitos sendo 4 femininos e 4 masculinos. Nele os usuários recebem tratamento psiquiátrico e psicológico e também têm acesso a outros profissionais, como ao enfermeiro, técnico/auxiliar de enfermagem, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo, entre outros. Eles propõem um trabalho em equipe (multidisciplinar) sempre pensando no principal objetivo que é aumentar a qualidade de vida destes pacientes que além de estarem em tal situação, ainda são discriminados e ‘marginalizados’ pela sociedade e até pelos próprios familiares que muitas vezes abnegam-se de acompanhar o tratamento do paciente, que é de vital importância nesse tipo de tratamento. Muitas vezes a terapia da escuta é melhor do que qualquer remédio para a situação desses pacientes.
    O carro-chefe do CAPS é o desenvolvimento de oficinas que permite o desenvolvimento das habilidades dos pacientes. Testa a coordenação motora, a elaboração de ideias e outras tantas habilidades que o paciente necessita para promoção de sua autonomia. Essa busca pela autonomia é extremamente importante para aqueles pacientes que não tem nenhum tipo de ajuda familiar ou simplesmente foram abandonados pela família.
    Outro ponto importante que achei foi sobre a estrutura. O CAPS não tem como servir de moradia já que a demanda é muito grande. No caso dos moradores de rua, a equipe do CAPS tenta uma inserção familiar e quando não conseguem procuram achar algum abrigo. As exceções ocorrem no caso de pacientes que estão em crise e também para aqueles que tem que evitar a família para que não se piore o caso do paciente. Um ambiente familiar conturbado só piora a situação, pois o paciente é vitima de maus tratos, discriminação e muitas vezes negligenciados pela própria família.

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  17. (continuação)LUCAS OLIVEIRA CARVALHO ALMEIDA

    Outro ponto positivo foi a criação das residências terapêuticas. É um programa criado para acolher usuários que passaram anos internados em hospitais psiquiátricos e ao sair, não encontram suas famílias ou não são aceitos por elas. Eles residem nessas residências, mas a parte terapêutica é feita no CAPS, onde vão 3 vezes por semana(segunda, quarta e sexta). Cada RT tem aproximadamente 7 usuários e elas são mantidas com recursos do Ministério da Saúde. Cada residência tem um líder e este tem conhecimentos de enfermagem e também tem os cuidadores, que mantem a organização da casa. Portanto foi de grande importância esse projeto, pois além de retirar o paciente de um ambiente fechado de hospital psiquiátrico ainda fornece a base técnica do tratamento e uma forma de reinserção do doente psiquiátrico ao convívio social, que é indispensável para a sua melhora.
    A visita ao CAPS foi extremamente importante para mim, tanto para minha vida pessoal como para a minha futura vida profissional. Pude ver que muitas informações que eu possuía eram apenas pré-conceitos por puro desconhecimento da verdadeira realidade. Na pratica vi que é bastante diferente.

    Referencias:
    1)http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela

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  18. Susana Cendón Porto

    Não foi a primeira vez que visitei um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) , tive a oportunidade de realizar tal visita ainda durante o ciclo básico do curso.

    Nessa minha primeira visita admito que devido a minha pouca bagagem teórico-prática sobre o assunto psiquiátrico fez com que a mesma não fosse quase nada proveitosa a não ser que serviu pura e simplesmente para que eu visse toda a situação com um menor preconceito.

    Nessa última visita ao CAPS liberdade e compreendo um pouco mais da história da psicopatologia, e de como ocorreu a reforma psiquiátrica em si. Sérgio Luiz Ribeiro em seu artigo como "A criação do Centro de Atenção Psicossocial Espaço Vivo" nos mostra muito bem que os "objetivos da comunidade terapêutica eram a transformação do ambiente e do tratamento dos hospitais psiquiátricos pela “terapêutica ativa” ou terapia ocupacional"¹.

    Nesse mesmo artio Sérgio Luiz nos mostra coerentemente que os "CAPS eram locais que se propunham a evitar internações, acolher os egressos dos hospitais psiquiátricos e poder oferecer um atendimento intensivo para portadores de doença mental, dentro da nova filosofia do atendimento em saúde mental desse período."¹

    Diante de uma melhor bagagem teórica (assim como as colegas Dulcilene e Raquel) e com menor carga preconceituosa acompanhei a visita ao CAPS Liberdade. Pudemos observar que o mesmo conta com um cadastro de +ou- 500 pacientes mas os realmente ativos somam apenas ums 200 usuários. Ao conhecer os leitos notamos que o meso conta com 8, sendo a metade feminina e a outra masculina.

    Pesquisando um pouco mais sobre os CAPS em Sergipe encontrei esses dados no site do Governo do Estado "O Estado de Sergipe possui atualmente 25 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) cadastrados e 18 Serviços Residenciais Terapêuticos implantados. Se analisada a proporção de CAPS por 100 mil habitantes adotada pelo Ministério da Saúde, Sergipe apresenta 82% de cobertura."² Ou seja, o Estado de Sergipe ainda necessita de uma melhora na cobertura dos CAPS.

    Sabe-se que dentre as funções dos CAPS está: evitar internações e/ou reinternações em hospitais psiquiátricos, regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação e dar suporte à atenção à saúde mental na rede. Para tal o CAPS não atua sozinho, deve-se haver uma articulação entre as UBS, serviços de urgência/emergência e os ambulatórios psiquiátricos.²

    Durante a visita nos foi informado que o CAPS Liberdade funciona 24 horas e pesquisando encontrei que o mesmo trata-se de um CAPS III que só é implantado em municípios com mais de 200 mil habitantes.

    Diante do exposto fica mais evidente a função do CAPS para a reinserção do " doente psiquiátrico " na nossa sociedade. E nota-se que o Estado de Sergipe precisa de pouco para atingir a cobertura percentual de 100%.

    Fonte: 1- http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1414-98932004000300012&script=sci_arttext Acesso em 02/04 às 23h20
    2- http://www.se.gov.br/index/leitura/id/1294/Saude_Mental.htm. Acesso em 03/04 às 00:04

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  19. CLÉCIO SANTOS

    A visita ao CAPS Liberdade no dia 14/03/2013 teve o objetivo de entender os serviços oferecidos à população.Lá é realizado o acompanhamento clínico e a reinserção social usuários pelo acesso ao trabalho, lazer,etc.Fomos recebidos pela assistente social Larissa e pelo oficineiro Aragão, que nos passaram algumas informações. O CAPS Liberdade tem 520 usuários, sendo cerca de 200 ativos, e acompanha casos de transtorno mental grave.O tratamento no CAPS se baseia em muitos pilares: acolhimento e escuta, criação de vínculo, oficinas, psiquiatria, medicamentos e até contenção verbal ou física em crises mas graves. Outra atividade realizada são assembléias semanais, onde os usuários terem a oportunidade de expressarem-se e debaterem sobre assuntos atuais. Uma forma deles mostrarem que não são incapazes, que também tem opiniões e sabem pensar. E são nesses momentos que eles falam muito sobre o preconceito que enfrentam na sociedade. O CAPS procura ainda integrar os usuáriosas suas famílias ,,pois muitas famílias os negligenciam. A equipe procura fazer visitas domiciliares para avaliar o ambiente do usuário, o convívio com os seus familiares e acompanhar de perto sua evolução, procurando ter sempre um contato com a família e como anda o comportamento do paciente em casa. A visita ao CAPS foi importante para que aquela imagem deturpada de que os usuários dos CAPSnão possuem vida social e que não conseguem interagir. Pude ver que muitas informações eram imbuídas de pré-conceitos por desconhecimento da verdadeira realidade.

    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela

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  20. Parte I

    Inicialmente, considero primaz recorrer a um breve recorte histórico, de modo a situar as explanações, desses escritos. A saúde mental definitivamente se perfaz num campo, onde as disputas, ambiguidades, ambivalências e tensões sempre ditaram a tônica de sua história. O modelo primevo de assistência à saúde mental, baseado na exclusão do sujeito do convívio social com sua internação em hospitais psiquiátricos, mostrou sinais de esgotamento desde a década de 1970. Com movimentos de crítica a esse modelo, suscitados primeiramente na Itália, surgiram documentos oficiais concernentes à uma Reforma da Atenção Psiquiátrica em plano mundial. Dentre eles, para uma realidade latino-americana, destaca-se a Declaração de Caracas, que se relaciona à proteção dos direitos humanos e de cidadania dos portadores de transtornos mentais e à necessidade da construção de redes de serviços alternativos aos hospitais psiquiátricos (OMS, 1990) e, no Brasil, a Lei 10.216, também conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica Brasileira, que dá prosseguimento às conquistas da Declaração de Caracas (BRASIL, 2001).

    Tal lei defende o benefício à saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção da família no trabalho e na comunidade e enfatizando o uso de serviços comunitários em saúde mental e tratamento que visem à reinserção social de pessoas com transtorno mental (HIRDES, 2009). Em consonância com a política de Reforma Psiquiátrica, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), regulamentados a partir da Portaria nº336/GM de 19 de fevereiro de 2002, são estratégias de serviços comunitários que atuam como dispositivos de organização da atenção em saúde mental com ênfase para a Reabilitação Psicossocial (BRASIL, 2004).

    São funções dos CAPS:
    • prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos;
    • acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território;
    • promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais;
    • regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação;
    • dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica;
    • organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios;
    • articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território;
    • promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

    Uma miscelânea de significantes dos mais diversos e distintos possíveis pairavam minha mente e talvez a dos demais colegas, quanto ao que encontraríamos naquele lugar. E principalmente, porque fomos em um dia, no qual estava sendo realizada a assembléia dos usuários daquele espaço. O CAPS visitado foi o “Liberdade”, situado na rua Distrito Federal, 1020, Bairro Siqueira Campos. Ao entrarmos deparamo-nos logo de cara com um gigantesco círculo de pessoas sentadas. E uma coisa de início pareceu-me angustiante. Quem ali era paciente e quem era profissional? A retórica e oratória de alguns usuários (e isso eu só pude descobrir depois) era de uma tal eloquência, que me faziam refletir: “É esse o doido?”. Mas afinal de contas, o que é ser doido? O que é ser normal? O que é a loucura afinal de contas? Infelizmente não consigo responder a tais questões, se é que elas tem respostas, ou mais, se é que elas realmente carecem e necessitam de respostas. Mas, para mim ficou claro, que as pseudo-respostas que temos nas cátedras de Psicopatologia e Psiquiatria, todas baseadas numa neuro-química cerebral fajuta, são claramente deficientes e em muito pouco correspondem com o que vive naquele espaço.

    André Filipe dos Santos Leite

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  21. Parte II

    Observar como as fronteiras entre os corpos se diluíam naquele lugar, foi magnífico, sinceramente não reconhecer a princípio quem era “paciente” e quem era o “doutor” me fizeram repensar meu lugar como médico e como pessoa pretensamente “normal”. Os limites entre uma requisitada “sanidade” e um dito “transtorno mental” se mostraram, naquele espaço, pífios, cambiantes e difíceis de delimitar, os sujeitos naquele lugar, naquela roda de conversas eram iguais, sem distinção por meio de insígnias como jalecos versus camisas de força.

    Após assistir a assembléia dos usuários, a coordenadora, nos forneceu algumas informações sobre o funcionamento do CAPS. O “carro-chefe” do serviço são as oficinas, que vão desde pintura, escultura e desenho, até atividades fora do espaço do CAPS, como passeios pelos parques e praias da cidade, de forma a estimular a autonomia, coordenação motora, discurso coerente e elaboração de ideias dos indivíduos. E o CAPS visitado, pelo que vi, têm demonstrado efetividade no tratamento proposto aliando acompanhamento clínico e cuidados de reinserção social dos usuários por meio dessas oficinas. A construção e reconstrução de laços familiares e comunitários, também é uma forte linha de trabalho. Assim, o CAPS Liberdade lança mão de estratégias para a inserção familiar, no processo de cuidado ao portador de deficiência mental, pois é reconhecido o valor da participação da família na assistência ao doente mental, para o alcance de melhor qualidade de vida do doente e da família (SPADINI, 2006; SCHRANK, 2008). A parceria com a família se constitui em estratégias de mobilização e comprometimento para o cuidado da pessoa que sofre psiquicamente, integrando CAPS, usuário e família.

    Em suma, pudemos perceber no CAPS a construção de um projeto terapêutico singular para a saúde mental, calcado na valorização do indivíduo enquanto “ser humano”, com enfoque na participação familiar nesse processo. Foi-se os tempos em que esses sujeitos eram o estorvo da sociedade, massas cinzentas que enfeavam as ruas, sendo necessária uma verdadeira limpeza social, uma higiene moral, que encarcerasse essas criaturas num depósito dos indesejáveis, como figuravam os antigos hospitais psiquiátricos. Ainda hoje, é fato que a medicalização desses sujeitos vigora em alguns espaços e contextos, nos quais o sujeito é dopado, paralisado, sedado, anulado, numa clara alusão ao verbete “amansar o doido”. Mas a conjuntura mais contemporânea mudou diametralmente, a contrapartida desta linha de medicalização dos sujeitos; cristalizada na política de atenção psicossocial, apesar de relativamente nova, em seus imberbes onze anos, tem demonstrado e evidenciado frutos bastante vultosos.

    André Filipe dos Santos Leite

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  22. Parte III

    A construção dessa nova atenção psicossocial é um caminho de pedras a ser percorrido, um caminho mais difícil evidentemente, mas pudemos pelo menos durante uma despretensiosa manhã de quinta-feira percorrer um pouco por entre suas trilhas, rotas, percursos e incursos, literalmente viajar por uma política de saúde mental íngreme e árdua, mas muito mais comprometida com os ideais hipocráticos e humanísticos que firmei anos atrás, quando decidi fazer/viver Medicina.

    Referências:

    Brasil. Lei n. 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Brasília; 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10216.htm

    Brasil. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde; Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde Mental no SUS: os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília; 2004.

    Hirdes A. A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re)visão. Ciênc Saúde Coletiva. 2009; 14(1): p. 297-305.

    Organização Mundial de Saúde (OMS); Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Declaração de Caracas. Reestruturação da Atenção Psiquiátrica na América Latina no Contexto dos Sistemas Locais de Saúde (SILOS). Caracas; 1990. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_caracas.pdf

    Schrank G, Olschowsky A. O Centro de Atenção Psicossocial e as estratégias para a inserção da família. Rev Esc Enferm USP. 2008; 42(1): p. 127-134.

    Spadini LS, Souza MCBM. A doença mental sob o olhar de pacientes e familiares. Rev Esc Enferm USP. 2006; 40(1): p. 123-127.

    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela=1

    André Filipe dos Santos Leite

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  23. Jose Wellington Santana da silva (Atividade ІІІ- visita ao CAPS) o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Liberdade, situado na Rua Distrito Federal, 1020, bairro Siqueira Campos, Aracaju-SE. O CAPS teve valor importante na Reforma Psiquiátrica Brasileira. E apartir daí, assistência aos portadores de sofrimento psíquico no Brasil vem se transformando, principalmente, nas últimas décadas, influenciada por conhecimentos internacionais que propuseram novos padrões e práticas de transformação institucional com intuito da promoção da saúde mental fora do âmbito manicomial. Entre as estratégias assistenciais, foi proposta a criação de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) com o objetivo de oferecer atendimento à população moradora na área de abrangência em um modelo que prioriza a reabilitação e a reintegração psicossocial do indivíduo adoecido mentalmente, mediante acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Borges & Baptista traçam um panorama detalhado e preciso da evolução das políticas em saúde mental de 1991 a 2004 em nosso país, identificando para o último período analisado – 2002 a 2004 – um momento de expansão do modelo assistencial, com destaque para os CAPS e as residências terapêuticas. Na consolidação da reforma psiquiátrica no Brasil, observa-se a ampliação consistente no número de CAPS, principal serviço alternativo deste modelo. O total de unidades cresceu de 154 em 1996 para 295 em 2001, para 546 em 2004 e para 1.153 em 2007 15. Paralelamente à expansão, faz-se necessária a avaliação dos serviços substitutivos em saúde mental, mais especificamente para analisar o desempenho de tais políticas e serviços, suas possibilidades e limitações.
    . Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário, a pacientes Diagnosticados com (CID-10): Transtornos do humor, Esquizofrenia, Neuroses, Retardo mental, Abuso de substâncias, transtornos orgânicos, Transtornos de personalidade, e entre outros não especificado. Tendo também outras funções como: Oferecer atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos; Acolher e atender os usuários com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território; promover a inserção social dos indivíduos com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais; regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação; oferecer suporte a atenção à saúde mental na rede básica; organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios; organizar estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território.

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  24. jose wellington santana da silva
    continuação:
    Os serviços oferecidos pelos CAPS devem ser substitutivos e não complementares ao hospital psiquiátrico. Isto é, o CAPS é o núcleo de uma nova clínica, produtora de autonomia, que convida o usuário à responsabilização e ao protagonismo em todo o andamento do tratamento oferecido no ao longo do tratamento do usuário no CAPS.
    os usuários fazem assembleia entre eles mesmo onde as pautas são escolhidas pelos próprios usuário, tendo os funcionários apenas a função de apaziguar os ânimos caso haja alguma discussão. Os usuários, profissionais e familiares, se reúnem, formam um circulo e abrem um bate-papo descontraído, fazem também oficinas (musica, bijuteria, pintura e entre outras atividades) e combinam alguns eventos, os quais muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social.
    No momento da visita os profissionais destacaram, alguns problemas, como exemplo da falta de adesão ao tratamento, sobretudo medicamentoso, e a falta de interesse de alguns familiares, e até a tentativa de se evadir-se da responsabilidade sobre o usuário, tentando coloca-lo sobre responsabilidade exclusivamente no CAPS.
    A visita foi muito proveitosa, chamando a atenção, para uma necessidade de melhora no tratamento dessas pessoas, visto que há um preconceito muito grande sobre essas pessoas. Percebe-se muito espontaneamente que são indivíduos como qualquer um, com todas as alterações que as diferenças de personalidade podem acarretar e o problema usuários, em especial, pode agravar. Porém, temos que trata-los igualmente e pensar no bem estar dessas pessoas em primeiro lugar fazendo o tratamento necessário, e não apenas o protelar, e encaminhar ao psiquiatra fugindo da responsabilidade e transferindo a responsabilidade aos psiquiatras.
    1-Ministério da Saúde. Portaria nº. 1174/GM de 7 de julho de 2005. Diário Oficial da União 2005; 8 jul.
    2- Organização Mundial da Saúde. Classificação estatística internacional de doenças e problemas
    relacionados à saúde, 10a revisão. v. 1. São Paulo: Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português; 1995.
    3-Coordenação Geral de Saúde Mental, Secretaria
    de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Reforma
    psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde; 2005.

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  25. Com a aprovação do Programa de Reorientação da Assistência Psiquiátrica Previdenciária do Ministério da Previdência e Assistência Social(MPAS),em 1982,deu-se início à criação de uma política de saúde mental engajada no combate à cultura hospitalocêntrica vigente.Se até então a assistência era predominantemente oferecida pela rede de hospitais psiquiátricos privados conveniados,a partir dos anos 80,observa-se o movimento de estruturação de uma rede pública de atenção à saúde mental.
    Em dezembro de 1984,realizamos o 1º Encontro de Trabalhadores em Saúde Mental de Sergipe,onde foi dado um passo importante para participação mais efetiva de forma multidisciplinar,nas discussões por reformas psiquiátricas.Em 1987,acontece a 1ª Conferência Nacional de Saúde Mental e o 2º Encontro de Trabalhadores de Saúde Mental.”Por uma Sociedade sem Manicômios” virou palavra de ordem nas movimentações seguintes,que culminaram com o Projeto de Lei 3657/89 do companheiro e Dep.Federal Paulo Delgado.Esse Projeto dispõe acerca da extinção progressiva dos manicômios e da criação de recursos assistenciais substitutivos,bem como regulamenta a internação psiquiátrica compulsória.O debate atinge os mais diversos segmentos da sociedade,unindo em torno dessa causa,não apenas as equipes técnicas,mas também entidades de usuários,familiares e simpatizantes.Buscava-se a desconstrução da lógica manicomial como sinônimo de exclusão e violência institucional,bem como a criação de um novo lugar para a loucura,dando ao portador de transtorno psíquico a possibilidade do exercício da sua cidadania.A reinserção social,então,passa a ser o principal objetivo da Reforma Psiquiátrica,quando pretende potencializar a rede de relações do sujeito,através do resgate da noção de complexidade do fenômeno humano,criando assim um ambiente favorável para aquele que sofre psiquicamente tenha o suporte necessário para reinscrever-se no mundo como ator social.A superação do manicômio não seria apenas física,mas principalmente ideológica.
    O CAPS Liberdade faz parte da estrutura básica da nova rede de atenção à saúde mental,responsável pela organização da demanda e da rede de cuidados em seu território,ocupando o papel de regulador da porta de entrada e controlador do sistema local de atenção à saúde mental.O seu bom funcionamento deve estar pautado também na garantia do acolhimento,vínculo e responsabilidade de cada membro da equipe(que é multidisciplinar)com os seus usuários.
    Muito do que buscamos,nos anos 80,com a Reforma Psiquiátrica foi alcançado quando temos uma assistência caracterizada por uma atenção diária sem a necessidade de internação do usuário(sem critérios que justifiquem),de forma específica,personalizada,respeitando as histórias de vida,a dinâmica familiar com sua interação social,enfatizando a busca da cidadania,autonomia e liberdade.

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    1. (continuando)


      Quando Franco Basaglia ,nos anos 60 ,levantou questões sobre o saber e a prática psiquiátrica,não pretendia negar a existência da doença mental-como insistem muitos reacionários em seus discursos acadêmicos-mas propor um novo olhar que beneficia a complexidade da loucura como algo inerente à condição humana e que deve ir além do domínio da psiquiatria,dizendo respeito ao sujeito,à família,à comunidade e demais atores sociais.
      Estagiei na Clínica Adauto Botelho,para agudos psiquiátricos,participei de grupos de estudo no Hospital Garcia Moreno para crônicos psiquiátricos,nos anos 80;fui acadêmico-residente da Clínica São Marcelo em 1983,até 86 continuei como acadêmico-plantonista;participei das discussões e debates que levaram à aprovação do Projeto de Lei 3657/89 do Dep. Paulo Delgado(PT);reconheço a doença mental e acredito que em algum momento, a internação psiquiátrica se faz necessária,mas continuarei sendo enfático:”manicômios, nunca mais!”.


      Referências Bibliográficas:

      1.Delgado,Paulo.As razões da Tutela.Psiquiatria,Justiça e Cidadania do Louco no Brasil.
      2.Goffman E.Manicômios,Prisões e Conventos.
      3.Amarante P.Novos sujeitos,novos direitos:o debate em torno da Reforma Psiquiátrica.Rio de Janeiro,Cadernos de Saúde Pública,1995.
      4.Costa,JF.História da Psiquiatria no Brasil.Rio de Janeiro,Editora Documentário.1976.

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  26. No dia 14/03/2013 foi realizado uma visita ao CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial), instituição destinada ao acolhimento e atendimento especializado a pacientes com transtornos mentais graves. O CAPS Liberdade se situa no Bairro Siqueira Campos e está aberto 24 horas e funciona no modelo de portas-abertas aos pacientes residentes no município de Aracaju em bairro que estão sob sua cobertura.
    A depender do plano terapêutico individualizado proposto pela equipe, os pacientes podem receber atendimento ambulatorial com psiquiatras e/ou participar das atividades desenvolvidas ao longo do dia na instituição; como oficinas,aulas de dança e atividades esportivas, retornando as suas residências no final da tarde.
    Jordão Santana de Oliveira
    Os pacientes podem freqüentar o CAPS todos os dias da semana, isso vai depender da sua necessidade clínica e social, aqueles que estão em crise podem, ainda, ser acolhidos e dormir na instituição, que possui um total de 8 leitos, sendo 4 deles para pacientes femininos e 4 para pacientes masculinos. Nos dias sem médicos disponíveis, o SAMU e os hospitais da rede de saúde mental (São Marcelo e São José) dão suporte de atendimento em casos de urgência psiquiátrica.

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  27. Jordão Santana de Oliveira

    continuação...
    O CAPS Liberdade atende um total de 520 pacientes, sendo em torno de 200 ativos com faixa etária que varia entre 16 e 70 anos. A equipe que trabalha no local é composta por: psiquiatra, psicólogo, enfermeiro, terapeuta ocupacional, educador físico, auxiliar de enfermagem, oficineiros. O principal objetivo dos trabalhos realizados no CAPS é melhorar a autonomia dos pacientes e reinseri-los na sociedade, de tal forma que eles possam retomar os estudos, buscar algum curso profissionalizante, emprego ou, simplesmente, ter a autoconfiança de poder freqüentar outros lugares além do CAPS e da própria residência. Muitos deles possuem receio de serem discriminados em outros locais, por isso acabam se isolando do restante da sociedade. Em virtude disso, o CAPS desenvolve atividades que visem estimular a interação social e autonomia como oficinas, recreação e lazer, assembléias, dentre outros. O cuidado na orientação familiar também é uma vertente de atuação importante da equipe do CAPS, para que ela contribua para o processo de desenvolvimento de autonomia e inclusão que se realiza com os usuários, evitando-se deixar o paciente apenas “preso” dentro de casa. Vale ressaltar a atuação do CAPS na distribuição de medicações para os usuários e, em caso de ausência da procura, consultando os familiares por não terem vindo buscar a medicação. Isso demonstra a importância de que não haja interrupção do tratamento medicamentoso e como a equipe de profissionais do CAPS trabalha engajada nesse sentido.

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  29. Jordão Santana de Oliveira
    continuação...
    Por fim, vale ressaltar a importância do trabalho realizado no CAPS de cuidado e reinserção social de um tipo de paciente que historicamente sempre permaneceu excluído socialmente e preso nos manicômios. Os serviços prestados como: oficinas, assembléias, atividades de lazer, distribuição de medicações, suporte e orientação familiar comandados por uma equipe multidisciplinar contribuem para o adequado tratamento que esses pacientes precisam.

    Referências:

    1-http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela Acesso em: 31 de março de 2013.

    2-Hirdes A. A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re)visão. Ciênc Saúde Coletiva. 2009; 14(1): p. 297-305.

    3-Spadini LS, Souza MCBM. A doença mental sob o olhar de pacientes e familiares. Rev Esc Enferm USP. 2006; 40(1): p. 123-127.

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  30. Mônica Rodrigues
    Os CAPS constituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica. São instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares.
    Os CAPS podem oferecer diferentes tipos de atividades terapêuticas. Esses recursos vão além do uso de consultas e de medicamentos, e caracterizam o que vem sendo denominado clínica ampliada. Psicoterapia individual ou em grupo, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias, atividades artísticas, orientação e acompanhamento do uso de medicação, atendimento domiciliar e aos familiares são diversos tipos de atividades terapêuticas oferecidas aos usuários. Dessa forma, o CAPS pode articular cuidado clínico e programas de reabilitação psicossocial
    A visita foi realizada ao CAPS liberdade localizado no bairro Siqueira Campos. O Centro conta com uma equipe multidisciplinar: dois psiquiatras, psicólogo, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, oficineiros e educador físico. As oficinas são atividades realizadas em grupo com a presença e orientação de um ou mais profissionais, monitores e/ou estagiários. Elas realizam vários tipos de atividades que podem ser definidas através do interesse dos usuários, das possibilidades dos técnicos do serviço, das necessidades, tendo em vista a maior integração social e familiar, a manifestação de sentimentos e problemas, o desenvolvimento de habilidades corporais, a realização de atividades produtivas, o exercício coletivo da cidadania.
    A visita foi enriquecedora e possibilitou uma visão ampla, humanística a respeito dos usuários e seu processo de assistência. Muito ainda deve ser feito com o intuito de melhoria na assistência das pessoas assistidas pelos centros de assistência psicossocial, mas, a avaliação da história da saúde mental mostra o grande avanço que a saúde mental alcançou e motiva a buscarmos e lutarmos como futuros médicos por uma assistência baseados nos princípios de igualdade e equidade.
    Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

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  32. Carlos Aurélio Santos Aragão
    PARTE I
    A nossa terceira visita foi ao CAPS Liberdade- Centro de Atenção Psicossocial. Lá, nós pudemos observar como é a nova atenção a saúde mental após a Reforma Manicomial. Sinceramente, quando cheguei lá, foi uma mistura de medo mas também de compaixão pelas histórias sofríveis que nós ouvimos dos pacientes psiquiátricos que ali recebem assistência. O principal objetivo do CAPS é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de suas ações, preocupando-se com o sujeito e a singularidade, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana. Atualmente, a expansão, a consolidação e a qualificação da rede de atenção à saúde mental, sobretudo dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), foram objetivos principais das ações e normatizações do Ministério da Saúde. Estratégicos para a organização da rede de atenção à saúde mental num determinado território, a expansão destes serviços foi fundamental para mudar o cenário da atenção à saúde mental no Brasil. Neste período, o Ministério da Saúde pautou-se pela implantação de uma rede pública e articulada de serviços. A decisão política pela composição de uma rede pública de Caps enfrentou resistências, uma vez que o Sistema Único de Saúde possibilita a contratação de serviços privados, em caráter omplementar à rede pública. As recomendações da III Conferência Nacional de Saúde Mental e o caráter estratégico destes serviços, que têm atribuições intransferíveis, fundaram, no entanto, a decisão política por uma rede Caps de gestão pública. A partir de 2003, apenas Caps públicos (em sua quase totalidade municipais) foram cadastrados junto ao Ministério da Saúde. Na mesma direção, os municípios foram incentivados a municipalizar os poucos serviços privados ou filantrópicos existentes há mais tempo na rede e que prestassem atendimento relevante. Hoje, 98,6% dos Caps da rede são públicos.

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  33. Carlos Aurélio Santos Aragão

    PARTE II
    Um pouco da História da Reforma Psiquiátrica e Basaglia
    Basaglia, em 1971, fecha os manicômios, acabando com a violência dos tratamentos e põe fim no aparelho da instituição psiquiátrica tradicional. Basaglia demonstra que é possível a constituição de uma nova forma de organização da atenção que ofereça e produza cuidados, ao mesmo tempo que produza novas formas de sociabilidade e de subjetividade para aqueles que necessitam da assistência psiquiátrica.
    Em 13 de maio de 1978 foi instituída a Lei 180, de autoria de Basaglia, e incorporada à lei italiana da Reforma Sanitária, que não só proíbe a recuperação dos velhos manicômios e a construção de novos, como também reorganiza os recursos para a rede de cuidados psiquiátricos, restitui a cidadania e os direitos sociais aos doentes e garante o direito ao tratamento psiquiátrico qualificado.
    Esse grande passo dado pela Itália influenciou o Brasil, fazendo ressurgir diversas discussões que tratavam da desinstitucionalização do portador de sofrimento mental, da humanização do tratamento a essas pessoas, com o objetivo de promover a reinserção social.
    Na década de 70 são registradas várias denúncias quanto à política brasileira de saúde mental em relação à política privatizante da assistência psiquiátrica por parte da previdência social, quanto às condições (públicas e privadas) de atendimento psiquiátrico à população.
    No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o movimento dos trabalhadores da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), que faz denúncias sobre as condições de quatro hospitais psiquiátricos da DINSAM e coloca em xeque a política psiquiátrica exercida no país.
    Em suma, o CAPS é uma grande vitória para o serviço de saúde já que é um sistema mais humano de tratamento aos pacientes psiquiátricos e um excelente meio para uma melhor inserção desses pacientes na sociedade.

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
    1. Relatório de Gestão do Ministério da Saúde- Sáude Mental: Acesso ao tratamento e mudança no modelo de Atenção. Ano: 2006.
    2.http://rafaelcapita.blogspot.com.br/2006/12/importncia-do-caps.html
    3.http://www.sermelhor.com/especial/luta_antimanicomial.htm
    4.Artigo: Desafios da reforma psiquiátrica no Brasil. Pesquisado da Physis(Revista de Saúde Coletiva).

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  34. Tércio Ferreira Oliveira

    Foi realizada visita ao CAPS Liberdade situado no Siqueira Campos no dia 14/03/2013. Inicialmente fomos apresentados à Instituição e a conhecemos fisicamente, sendo guiados por um funcionário do local.
    O CAPS Liberdade é composto por uma equipe multiprofissional, tendo muitos usuários cadastrados, porém com um número muito menor de usuários se comaparado ao número de cadastros. São encontrados psiquiátras, psicólogos, assistentes sociais e profissionais de outras áreas na sua equipe que trabalham de forma a realizar um atendimento integral ao paciente e acompanhamento diário e individual para desenvolver uma melhor conduta terapêutica dada a individualidade dos processos que acometem a mente.
    Dentre as funções principais do CAPS está destacada a substituição de um modelo antigo pré reforma sanitária, por um modelo novo de atenção psicossocial, visando evitar a internação em clínicas sendo substitutivos e não complementares aos hospitais psiquiátricos[1]. O CAPS tende a ser de fato uma organização que deve prover autonomia aos seus usuários dando suporte a atenção básica no âmbito psicossocial e promovendo a reinserção do indivíduo na sociedade.[1]
    A visita ao CAPS liberdade, assim como falado por alguns colegas acima, veio em uma hora oportuna e para quebrar estigmas que são comuns a grande parte da população e de forma não diferente também me atingia. É curioso ver o potencial das pessoas que fazem uso do serviço e nos dá uma sensação de que o processo terapêutico realmente é funcional diferentemente do que se vê sendo falado sobre os métodos pré reforma sanitária. A inclusão dos pacientes que fazem uso do caps na sociedade pode ser vista facilmente, além da autonomia de que eles dispõem para gerenciar seus próprios problemas dentro da unidade que foi relatada em certo ponto durante a visita. São comuns reuniões entre os próprios membros para decidir sobre coisas que interferem no seu dia-a-dia, mostrando a capacidade de integração e socialização desses indivíduos. Um trabalho também muito importante desenvolvido na unidade é o das oficinas tendo sido relatado pelo guia que há uma melhora sensível dos pacientes que participam dessas atividades, sendo essa melhora por vezes percebida até por eles próprios, atestando uma melhora no seu quadro.

    Referências:
    1. Portal Saúde SUS. Centros de Atenção Psicossocial - CAPS Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela. Acesso em 05/04/2013

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  35. O CAPS, Centro de Atenção Psicossocial, é um serviço público de saúde mental destinado a atender indivíduos com estado mental alterado, com objetivo de tratar a saúde mental de forma adequada, oferecendo atendimento à população, realizando o acompanhamento clínico, e promovendo a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho e ao lazer, a fim de fortalecer os laços familiares e comunitários.

    Representa um passo fundamental na Reforma Psiquiátrica Brasileira, pois vieram para substituir o antigo modelo manicomial de hospitais psiquiátricos. Nesse modelo, prezava-se pela medicalização, na presença de hospitais gerais, os quais muitas vezes almejavam simplesmente tirar o indivíduo do convívio social.
    Nos CAPS, procura-se extrair o máximo da contribuição que os indivíduos com patologias mentais podem dar a sociedade, a família e a própria vida. Procura-se estimular a realização de atividades como o artesanato, ou outras produções, dependendo das habilidades de cada um, para que assim o indivíduo possa inserir-se no meio social.
    Permite também uma flexibilização da convivência do indíviduo. No CAPS ele pode passar o dia dele fazendo o que há para se fazer e depois voltar para casa, não sendo privado o indivíduo da convivência familiar e social.
    No CAPS também o indivíduo organiza o seu acompanhamento médico, o uso de medicações, além do acompanhamento de outros profissionais, como psicólogos e odontólogos.
    É importante frisar que existem CAPS de três tipo, a saber: tipo I (não há leitos de observação), tipo II (possui 1 médico psiquiatra e uma equipe reduzida) e tipo III (com uma equipe maior e com possibilidade de estabilização). Há também o CAPS AD para adulto e o CAPSi que é infantil.
    O CAPS é um serviço aberto, em que não há necessidade restrita de encaminhamento. Mantém suas portas abertas para que os indivíduos circulem livremente. Dependendo do seu tipo, podem funcionar por 24h diárias.
    Uma outra importância do CAPS, é que ele possibilita o estabelecimento de vínculos entre família, funcionários e paciente, vínculos tão necessários ao tratamento contínuo dos indivíduos.

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  36. Anderson Ullisses Santana Soares
    CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) é a instituição destinada ao acolhimento e atendimento especializado a pacientes com transtornos mentais. O CAPS Liberdade se situa no Bairro Siqueira Campos e está aberto durante todo o dia (24 horas) e funciona no modelo de portas-abertas.
    A depender do plano terapêutico individualizado proposto pela equipe, os pacientes podem receber atendimento ambulatorial com psiquiatras e/ou participar das atividades desenvolvidas ao longo do dia na instituição, retornando para as residências deles apenas para dormir. Eles podem freqüentar o CAPS todos os dias da semana, se necessário. Os pacientes em crise podem, ainda, ser acolhidos e dormir na instituição, que possui um total de 8 leitos, sendo 4 deles para pacientes femininos e 4 para pacientes masculinos. Nos dias sem médicos disponíveis, o SAMU e os hospitais da rede de saúde mental (São Marcelo e São José) dão suporte de atendimento em casos de urgência psiquiátrica.
    O CAPS Liberdade atende um total de 520 pacientes, com faixa etária que varia entre 16 e 70 anos. A equipe que trabalha no local é composta por: psiquiatra, psicólogo, enfermeiro, terapeuta ocupacional, educador físico, auxiliar de enfermagem, oficineiros. O principal objetivo dos trabalhos realizados no CAPS é melhorar a autonomia dos pacientes e reinseri-los na sociedade, de tal forma que eles possam retomar os estudos, buscar algum curso profissionalizante, emprego ou, simplesmente, ter a autoconfiança de poder freqüentar outros lugares além do CAPS e da própria residência. Muitos deles possuem receio de serem discriminados em outros locais, por isso acabam se isolando do restante da sociedade. Em virtude disso, o CAPS desenvolve atividades que visem estimular a interação social e autonomia como oficinas, recreação e lazer, assembléias, dentre outros. O cuidado na orientação familiar também é uma vertente de atuação importante da equipe do CAPS, para que ela contribua para o processo de desenvolvimento de autonomia e inclusão que se realiza com os usuários, evitando-se deixar o paciente apenas “preso” dentro de casa. Vale ressaltar a atuação do CAPS na distribuição de medicações para os usuários e, em caso de ausência da procura, consultando os familiares por não terem vindo buscar a medicação. Isso demonstra a importância de que não haja interrupção do tratamento medicamentoso e como a equipe de profissionais do CAPS trabalha engajada nesse sentido.
    Continua...

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    1. Anderson Ullisses Santana Soares

      Na quinta-feira, 14 de março de 2013, a atividade prática da disciplina Saúde Coletiva III consistiu na visita ao “Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Liberdade”. Fomos privilegiados durante essa visita porque ela ocorreu justamente no dia em que é realizada a Assembleia dos usuários. Esta assembleia ocorre uma vez por mês e é, na verdade, uma reunião em que os usuários esclarecem suas dúvidas, dialogam sobre possíveis sugestões ou reclamações e, também, divulgam alguns eventos destinados a eles. Ou seja, há um espaço feito por eles e para eles que tem o grande objetivo de desmitificação e reinserção social. Acredito que o que mais se clarificou foi a descaracterização da imagem que se tem de que a condição mental possa afetar o esclarecimento sócio-político, isto é, a presença de um comprometimento mental não significa a alienação (por parte do paciente) quanto à maneira que a sociedade se comporta em relação a essa situação. Os usuários tem noção, sim, de como muitas pessoas olham para eles e encaram, infelizmente, a condição mental como incapacitação, como foi visto em alguns depoimentos dados naquele dia.
      Todos devemos entender que o trabalho exercido nesse serviço é um trabalho que deve ser efetuado não só pela equipe hospitalar, mas que deve ser ricamente complementado pelo esforço da família e de toda a comunidade para que o sistema funcione de maneira adequada. Chega a ser repetitiva, mas necessária, a busca pela valorização do trabalho deste tipo de serviço. A importância do CAPS ultrapassa o fato de este ser um serviço substitutivo dos hospitais psiquiátricos, pois há a intenção de atender diariamente, de tratar o portador de transtornos mentais e de reinseri-lo na sociedade, preocupando-se, dessa forma, na devolução da verdadeira identidade sócio-cultural e, mais do que isso, da dignidade do paciente portador de transtornos mentais.

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  37. Relatório III
    Aluna: Raisa de Oliveira Pereira

    Nossa terceira aula prática, realizada no dia 14 de Março de 2013, destinou-se a conhecer o CAPS III - Liberdade e foi orientado pela assistente social Larissa.

    "Nós não podemos curar todos, mas podemos cuidar de todos", essa foi a frase utilizada pela palestrante para simbolizar a importância do CAPS diante dos difíceis diagnósticos que eles lidam dia-a-dia! Os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) são considerados dispositivos estratégicos para organização da rede de atenção em  saúde mental, agindo de forma territorializada, ou seja, estão circunscritos no espaço de convívio social (família, escola, trabalho, igreja e etc) daqueles usuários que os frequentam.    

    O CAPS visitado conta com aproximadamente 520 usuários, sendo que 200 são frequentadores, enquanto a outra parte são direcionados apenas para consultas e visitas domiciliares. O Centro é formado por uma equipe multiprofissional de dois psiquiatras, uma assistente social, dois oficineiros e dois psicológos, que trabalham coletivamente (a palestrante até explica que no CAPS não existe "alta médica", existe "alta da equipe") e objetivam: 1) Cuidar do doente; 2) Reinserí-lo na comunidade e 3) Reduzir o número de internações nas clínicas.  

    Para cumprir com seus objetivos, existe uma agenda de atividades, como exemplo: Assembléia com os usuários, para expor o que está ou não agradando-os (tivemos a oportunidade de presenciar uma dela); Prática com os oficineiros para melhorar a coordenação motora e a elaboração de idéias; Visitas domiciliares; Consultas médicas e com psicológos, além de Acolhimento noturno (em época de crises). Apesar de ser um tratamento completo, ele enfrenta dois obstáculos que podem barrar seu sucesso: em primeiro lugar, e o mais importante, é o descompromisso e a descrença da família; e em segundo lugar, é o preconceito da comunidade, dificultando a inserção do doente na sociedade.  

    Ainda que existam barreiras, o CAPS está sendo cada vez mais resolutivo em suas ações e ganhando amplo espaço durante esses poucos 11 anos de existência aqui em Sergipe.

    Referência Bibliográfica  

    Ministério da Saúde: Saúde Mental e Atenção Primária:
    https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:y6-MIySfk0cJ:portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/diretrizes.pdf+caps+aten%C3%A7%C3%A3o+prim%C3%A1ria&hl=pt&pid=bl&srcid=ADGEEShpwyMt25cSITgGZ8cI4LpEXzGxBRPpN1gMwi8c6gJ3o5-Hl1_ObV93vKbg0xAbIf8bjhsHI4CWeFsuyhA5UwPZUY8180UpAP4V_7_EEReRb3pGUP5EtycghiJTzAbGvnImpYBN&sig=AHIEtbRgpzl4wBq1b1vDADfPf3ohNIyRUQ

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  38. Daniella Pereira Marques
    Visitamos o CAPS Liberdade III no dia 14/03/13
    Os CAPS foram criados após a Reforma Psiquiátrica a fim de incluir socialmente os portadores de distúrbios psiquiátricos, favorecendo o exercício da cidadania. Chegamos em meio a uma assembleia dos usuários do CAPS. Para mim, foi uma experiência enriquecedora. A autonomia e a logística dos usuários desconstruíram alguns estigmas pessoais. Eles se organizam de tal forma que um preside a assembleia, outro faz a ata, enquanto todos sugerem tópicos ou criticam algo. Os profissionais de saúde praticamente não interferiam no decorrer da Assembléia. Me chamou bastante atenção a quantidade de oficinas, quase todas sobre artesanato e dança, que estimulam as habilidades para os doentes mentais, além de proporcionar o convívio social. Havia poucos familiares na assembleia; isso é muito ruim, pois estes atribuem os cuidados somente ao CAPS.

    Com o fim da assembleia, fomos recebidos pela gerente do CAPS , a assistente social Larissa, e o oficineiro Aragão que nos explicaram sobre o funcionamento da unidade. O CAPS III Liberdade é um serviço 24h que atende em torno de 520 pacientes, sendo cerca de 200 ativos. Quase todos tem transtornos mentais graves, o que estende o tratamento por praticamente toda a vida. Isso demonstra um grande impasse dos trabalhadores do CAPS, pois eles tentam estimular a autonomia dos pacientes, e não institucionalizá-los (fator facilitado pelo grande descaso familiar). O tratamento é feito com o acolhimento do paciente, consultas psiquiátricas, uso de medicamentos, participação nas oficinas. A gerente nos explicou que, se possível, há contenção física. A percepção precoce que um paciente entrará em crise ou tem um comportamento diferente do diário ocorre pelo grande vínculo criado entre os funcionários e usuários. Quando algum paciente perde o vínculo, ele é procurado pelos funcionários (os usuários até questionaram o sumiço de uma colega; a gerente nos disse depois que ela acredita que foi curada por Deus, e recusa voltar ao CAPS). A equipe multiprofissional estimula o desenvolvimento das habilidades individuais pelas oficinas, incentivo ao esporte, tudo isso aliado ao acolhimento humanizado e tratamento medicamentoso. Por ser 24horas, esse CAPS fornece acolhimento noturno aos pacientes em crise, mas os médicos não permanecem na instituição para essas urgências noturnas.
    Acredito que a visita foi excelente para nossa formação acadêmica, pois mesmo sabendo um pouco (teoricamente) sobre o CAPS, visitá-lo mudou nossa visão. O receio inicial foi substituído pela percepção da importância do serviço prestado na comunidade, além da grande significância do convívio social para aqueles pacientes. Como futuros médicos, temos que atentar ao atendimento de qualidade a esses paciente, ouvindo suas queixas com respeito e sem preconceitos.
    Portal Saúde SUS. Centros de Atenção Psicossocial - CAPS Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela.

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  39. Vinicius Rafael Souza Santos
    14/03/2013, um dia para ser lembrado.
    Á primeira vista parece um pouco de exagero, mas a visita ao CAPS liberdade, localizado no siqueira campos,
    que ocorreu no dia anteriormente citado, foi a que despertou mais emoções, dentre elas, simpatia para com o próximo, desejo de fazer algo para ajudar, e
    para ser bem sincero, conflitos interiores entre os preconceitos que carregamos e o que na verdade isso significa. 3 principais "personagens" nos orientaram nessa viagem de análise dos conflitos interiores do nosso próximo e de nós mesmos:
    O professor João Batista, a assistente social Larissa e o oficineiro Aragão, homem que nos mostrou como podemos ser felizes trabalhando em algo que gostamos. Eles nos passaram algumas informações. A primeira referente
    ao número de usuários do CAPS Liberdade. São 500 usuários, sendo 200 ativos, que apresentam transtorno mental grave, sendo que esses pacientes necessitam de
    acompanhamento vitalício. Acolhimento, escuta, oficinas (ministradas por Aragão), e formação de vínculo com o paciente são princípios seguidos pelo CAPS,
    associado a acompanhamento psiquiátrico e medicamentoso, sendo as vezes necessário até a contenção verbal ou física nas crises agudas. Diferente do que muitos familiares pensam, o CAPS tem como objetivo promover a autonomia dos pacientes acolhidos e não "instituicionaliza-los". Ás vezes pensamos que o doente psiquiátrico tem uma capacidade intelectual baixa, mas um olhar mais apurado dos acontecimentos que vimos em pouco mais de uma hora lá no CAPS nos mostra o quanto errado esse pensamento está. Basta citar como exemplo uma senhora que, para tentar sair do centro sem ser vista, mesclou-se ao estudantes que saiam naquele momento e conseguiu sair, sendo necessário posteriormente que outro aluno fosse atrás dela junto de uma funcionária do local para trazê-la de volta. Essa visita nos ajudou a superar alguns medos e preconceitos e a entender melhor como funciona um centro de acolhimento ao paciente psiquiátrico, o que vai nos ajudar a tratar melhor esses pacientes no futuro.
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela Acesso em: 31 de março de 2013.

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  40. José Marcel Jhone Farias Lima

    Centros de Atenção Psicossocial – CAPS

    Seu objetivo é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
    Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental, têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário.
    É função dos CAPS:
    - prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos;
    - acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território;
    - promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais;
    - regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação;
    - dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica;
    - organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios;
    - articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território
    - promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
    Estes serviços devem ser substitutivos e não complementares ao hospital psiquiátrico. De fato, o CAPS é o núcleo de uma nova clínica, produtora de autonomia, que convida o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento.
    Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de suas ações, preocupando-se com o sujeito e a singularidade, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana.
    O perfil populacional dos municípios é sem dúvida um dos principais critérios para o planejamento da rede de atenção à saúde mental nas cidades, e para a implantação de centros de Atenção Psicossocial. O critério populacional, no entanto, deve ser compreendido apenas como um orientador para o planejamento das ações de saúde. De fato, é o gestor local, articulado com as outras instâncias de gestão do SUS, que terá as condições mais adequadas para definir os equipamentos que melhor respondem às demandas de saúde mental de seu município.

    A visita ao CAPS Liberdade nos permitiu conhecer melhor o serviço prestado aos doentes mentais. Infelizmente, no dia da nossa visita não era dia da Assembleia realizada pelos usuários, mas mesmo assim pudemos entender um pouco sobre o funcionamento desta instituição.

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  41. José Marcel Jhone Farias Lima
    Continuação......

    Conseguimos entender que o CAPS realiza uma abordagem multidisciplinar, a qual inclui diversos profissionais, como médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. Este CAPS oferece o serviço para uma média de 360 usuários, sendo que alguns deles residem na instituição. Os leitos são separados de acordo com o sexo.
    Um fato que me chamou bastante atenção foi saber sobre o esclarecimento sócio e político que eles possuem, ou seja, não são alienados como muitos pensam.
    É triste, mas ainda é uma realidade o fato da despreparação dos médicos para tratar o doente mental. Se o doente mental tem uma doença fisiológica, e é encaminhado ao clínico geral, este se recusa a atender, pois não está habituado a tratar esse tipo de paciente. É bastante preocupante observar esse tipo de atitude nos dias atuais, pois mostra explicitamente o despreparo do médico em lidar com pacientes psiquiátricos.
    Pessoalmente, foi uma visita um pouco frustrante, pois não tivemos o prazer de ter o contato direto com os pacientes, como foi feito pela outra turma. Mas, no geral, serviu para desmitificar as ideias citada acima.
    Referências:
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela.%20Acesso%20em%2005/04/2013

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  42. A visita ao CAPS, como foi dita por alguns outros colegas, foi a que se criou expectativa, pois “entraríamos” em um mundo diferente do “normal”. Ao entrar no CAPS senti uma leve apreensão, por não saber o que iriamos encontrar, na entrada tinha um guarda que tinha apenas a função de conter algum paciente em crise que tentasse fugir, ele não barrava a entrada de ninguém, mostrando que o CAPS é um espaço de livre entrada a todos, principalmente dos pacientes que fazem uso deste.
    Os CAPS foram criados para atender à população, realizar acompanhamento clínico, promover a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecer os laços Familiares e comunitários. E possuem uma equipe multidisciplinar. Existem 5 tipos de CAPS: • CAPS I - são serviços para cidades de pequeno porte, que devem dar cobertura para toda clientela com transtornos mentais severos durante o dia (adultos, crianças e adolescentes e pessoas com problemas devido ao uso de álcool e outras drogas).
    • CAPS II - são serviços para cidades de médio porte e atendem durante o dia clientela adulta.
    • CAPS III – são serviços 24h, geralmente disponíveis em grandes cidades, que atendem clientela adulta.
    • CAPSi – são serviços para crianças e adolescentes, em cidades de médio porte, que funcionam durante o dia.
    • CAPS ad – são serviços para pessoas com problemas pelo uso de álcool ou outras drogas, geralmente disponíveis em cidades de médio porte. Funciona durante o dia.
    O CAPS Liberdade é um tipo III, pelo que pude entender durante a explicação da coordenadora. É um dos principais CAPS de Aracaju, atendendo ate pacientes que não seriam da sua área de cobertura, o que às vezes gera uma grande lotação. No Liberdade, os únicos usuários que dormem lá são os que estão em crise, os outros vão durante o dia e a noite voltam para as suas casas.
    Durante o dia, os usuários realizam atividades como teatro, dança e produção artesanal. A equipe do CAPS também realiza visitas às casas dos usuários do para analisar como a família lida com o paciente, que por sinal muitas vezes rejeita o paciente ou não sabe como trata-lo. Numa tentativa de resolver essa situação, surgiram as residências terapêuticas, que consiste em uma casa onde os pacientes ficam internados e existe um cuidador responsável por eles e três vezes na semana vão ao CAPS para tratamento e atividades. Tal situação me ajudou a mostrar que em diversas situações, os pacientes dos CAPS além de terem que lhe dar com a doença, também lidam com a rejeição, situação que acredito fazer agravar o quadro clínico. Para evitar tal situação, existem reuniões semanais no CAPS ondem todos participam: equipe do CAPS, paciente e a família. Essas reuniões ajudam a mostrar que os pacientes tem capacidade de interagir, mesmo de forma limitada.
    Essa visita foi muito enriquecedora sobre um tema que muitas vezes é negligenciado por grande parte da população.

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  44. Aluno: Pedro Teles de Mendonça Neto


    Na manhã do dia pré-estabelecido para a visita ao CAPS no momento da nossa chegada estava acontecendo uma Assembleia em que os usuário do próprio sistema se organizavam para dar ideias, sugestões e formas de melhoria. Nesse momento pudemos notar uma certa autonomia dos "doentes mentais", já que os profissionais da saúde em pouco ou quase nada interferiam.

    Após a explanação fomos conhecer melhor como funciona o CAPS e como sua estrutura está montada. Nos foi explicado que concomitante com as medicações, terapias e demais tratamentos ocorrem oficinas: de teatro, artes, pintura,... O CAPS Liberdade apresenta 8 leitos, sendo 4 masculinos e 4 femininos, algo que me chamou um pouco a atenção foi um pouco da bagunça, seria está reflexo dos usuários ou da falta de comprometimento dos profissionais que ali trabalham?

    Ao pesquisar um pouco sobre CAPS e sua função encontrei a seguinte definição: "O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). É um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida."¹ O que mais me chamou a atenção nesse conceito é o fato de que o CAPS tem de funcionar como um dispositivo promotor de vida, mas será que os CAPS tem realizado de maneira concreta esse papel? Ou só funcionam como meros centros de tratamento medicamentoso aos doentes psiquiátricos?

    Nessa visita, especificamente, ao CAPS Liberdade creio que há essa agregação entre tratamento medicamentoso e o fator promotor de vida tendo em vista que são realizadas atividades recreativas, lúdicas, de produção de arte, oficinas e reuniões.

    Um dado em específico me chamou a atenção para a saúde mental a nível mundial segundo o artigo de Rosana Teresa Onocko-Campos "Estima-se que os transtornos mentais e de comportamento respondam por 12% da carga mundial de doenças, enquanto as verbas orçamentárias para a saúde mental na maioria dos países representam menos de 1% dos seus gastos totais em saúde; além do que, 40% dos países carecem de políticas de saúde mental e mais de 30% sequer possuem programas nessa área."² Nesse mesmo artigo a autora, Rosana Teresa Onocko-Campos,menciona que no Brasil esse financiamento já está aumentando prova é que o há um maior investimento por parte do governo (Federal, Estadual ou Municipal)na criação de novos CAPS em detrimento do investimento em hospitais psiquiátricos - em 1997 a rede era compota por 176 CAPS e 71 mil leitos psiquiátricos enquanto que em 2004 o Brasil contava com 516 CAPS e 55 mil leitos psiquiátricos.

    Fato acima citado que começa aos poucos a ser comprovado em nosso Estado. Como foi já foi dito pela colega Susana Cendón, em Sergipe há uma cobertura de 82% do esperado, visto que a proporção deve ser de um CAPS a cada 100 mil habitantes.

    A visita ao CAPS Liberdade foi bastante enriquecedora visto que nos trouxe um despertar sobre a saúde mental e a função do Sistema Único de Saúde (SUS) para com tal doença e pacientes.

    Deve-se salientar a importância da agregação do tratamento medicamentoso e a produção de vida para que um dia esse indivíduo que está restrito ao CAPS possa vir a ser inserido na sociedade e no seio familiar com o mínimo de perdas possíveis.


    Referências bibliográficas:
    1- http://capsqueimadas-pb.blogspot.com.br/2008/07/caps-oque.html Acesso em 09/04 às 20h05
    2- http://www.scielosp.org/pdf/csp/v22n5/18.pdf. Acesso em 09/04 às 20h35

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  45. Natally Leite de Castro

    Os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), criados oficialmente pela Portaria GM 224/92, assumem papel estratégico na articulação das redes de cuidado em saúde mental, possibilitando a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico. As equipes profissionais mínimas de tais estabelecimentos contam com: psiquiatra, enfermeiro, psicólogo e assistente social. São vários os recursos terapêuticos oferecidos pelos CAPS: atendimento individual; atendimento em grupo; atendimento para a família; atividades comunitárias; assembleias ou reuniões de organização do serviço. Tais recursos visam à autonomia e à reinserção social dos usuários, através de acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

    Há cinco tipos de CAPS. Eles diferem quanto sua clientela (adultos, crianças/adolescentes e usuários de álcool e drogas), o contingente populacional a ser coberto (pequeno, médio e grande porte) e o período de funcionamento (diurno ou 24h). A saber: CAPS I - serviços para cidades de pequeno porte, que devem dar cobertura para toda clientela com transtornos mentais severos durante o dia (adultos, crianças, adolescentes e pessoas com problemas devido ao uso de álcool e outras drogas); CAPS II - serviços para cidades de médio porte , que atendem durante o dia clientela adulta; CAPS III – serviços 24h, geralmente disponíveis em grandes cidades, que atendem clientela adulta; CAPSi – serviços para crianças e adolescentes, em cidades de médio porte, que funcionam durante o dia; CAPS ad – serviços para pessoas com problemas pelo uso de álcool ou outras drogas, geralmente disponíveis em cidades de médio porte.

    O estado de Sergipe conta com 25 CAPS, sendo a maioria do tipo I. Em Aracaju há 06 CAPS e um deles é o CAPS Liberdade, um CAPS III para onde fomos em nosso terceiro dia de visitas. Lá presenciamos uma assembleia dos usuários e, posteriormente, fomos apresentados à dinâmica empregada na instituição, por meio de uma conversa com a assistente social e com o “oficineiro” do CAPS.

    Tal experiência, inédita para mim, foi valiosa. Nem todos os usuários eram facilmente identificados por meio de simples observação. Alguns pareciam tão lúcidos e orientados quanto os profissionais que os acolhem. Assim, aproveitei para observar com cautela aqueles que me causavam dúvida, apesar do receio que tinha de possíveis reações aos meus olhares. Alguns falaram comigo; não hesitei corresponder; conversei como se estivesse a falar com um conhecido, pois não queria que se sentissem tratados de forma diferente (com medo ou desprezo). Porém, os discursos nem sempre eram coerentes, às vezes não sabia o que dizer.

    Impressionei- me com a forma com a qual eles se relacionam entre si e com os profissionais do CAPS. A maioria participava ativamente da assembleia, com questionamentos e sugestões quanto às atividades de lazer das quais participariam. Também chamou minha atenção o fato de muitos terem comportamentos bastante distintos, distúrbios que pareciam ser completamente diferentes, e serem tratados em um mesmo local. Fui convencida de que o relacionamento entre eles, por mais diferentes que pareçam ser, é fundamental para seu tratamento.

    Continua ...

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  46. Ao término da assembleia, fomos à sala em que são realizados os trabalhos manuais, sob a supervisão de um “oficineiro”. Foi lá que conversamos com ele, Aragão, e com Larissa, a assistente social. Obtivemos diversas informações sobre o CAPS e tiramos algumas dúvidas. Por meio de tal diálogo, passamos a saber que: o CAPS Liberdade possui 520 usuários, dos quais cerca de 200 são ativos; além do atendimento psiquiátrico e fornecimento de medicamentos, o CAPS conta com oficinas terapêuticas (trabalhos manuais, pintura, passeios,esportes) ,que visam desenvolver habilidades e são de suma importância para o tratamento; também é feito acompanhamento de casos graves de transtorno mental; há residências terapêuticas, onde moram usuários sem família, sob assistência quanto a alimentação, limpeza, higiene, saúde; há leitos no CAPS, os quais são ocupados por usuários que carecem de acompanhamento permanente por um ou mais dias, durante a deflagração de uma crise; os usuários são verdadeiramente acolhidos pelos profissionais do estabelecimento, por meio de uma escuta cautelosa e bons tratos; raramente é preciso conter fisicamente algum usuário; incentivos à autonomia e a um melhor convívio social com parentes e a comunidade em que vivem os usuários são constantes, apesar da discriminação que ainda há quanto a pacientes psiquiátricos; muitos familiares resistem frente à necessidade de reintegrar os usuários na sociedade, de levá-los para praticar esportes, passear, porque ainda há a cômoda ideia de que “loucos” tem de ficar enclausurados (o tratamento é desse modo, prejudicado).

    A visita foi importante para nossa familiarização com a saúde mental. Afinal, preconceitos, medos ou sentimentos de estranheza devem ser substituídos por um tratamento, de fato, acolhedor, que proporcione saúde mental, física e social aos pacientes psiquiátricos.

    Referências:
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela

    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33882

    http://www.saude.se.gov.br/index.php?act=interna&secao=151

    Natally Leite de Castro

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  47. Freed Alberto Santos Melo

    A visita realizada ao CAPS Liberdade apresentou um modo diferente de atendimento, ao menos diferente ao que eu imaginava. O que mais chamou minha atenção foi a liberdade de escolha que é dada ao paciente. Por ficar de "portas-abertas" e o paciente é quem decide se quer permanecer no local ou não. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário e tem como objetivo oferecer atendimento à população, fazer o acompanhamento clínico e fazer a reinserção do paciente à sociedade. Essa reinserção acontece por meio de trabalhos artesanais, por peças teatrais, lazer, discussões em grupos, fazendo valer os direitos de cada paciente, buscando fortalecimento dos laços familiares e comunitários. No portal do Ministério da Saúde encontramos que os serviços devem ser substitutivos e não complementares ao hospital psiquiátrico. De fato, o CAPS é o núcleo de uma nova clínica, produtora de autonomia, que convida o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento. Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de suas ações, preocupando-se com o sujeito e a singularidade, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana.
    Outro ponto que difere do que eu imaginava é notória humanização no tratamento dado aos pacientes. Muitas vezes, o carinho recebido nos CAPS é maior que o da própria família, fazendo com que alguns pacientes criem laços afetivos com os funcionários das CAPSs. O trabalho realizado nos CAPS apresentam dois pontos distintos, se por um lado os funcionários "dão a vida" para ajudar esses pacientes no tratamento, no outro lado o governo pouco faz o seu papel, deixa os CAPS não tão bem amparados, empurram pacientes para lugares onde não há condições de abrigar mais pacientes (procurando fazer uma "limpeza social" para fazer marketing de qualidade de vida) não se importando com a qualidade do tratamento, muito menos como está estruturalmente os CAPS, resumindo, não eliminam as dificuldades dos CAPS.
    Finalizando, os CAPS, como outros órgãos do SUS, tem no papel um funcionamento perfeito. Porém, como acontecem em outros órgãos, sua funcionalidade não é, digamos, 100% principalmente pela falta do apoio do poder público para todas as suas dificuldades. No CAPS que visitamos, essa dificuldade é contornada pelo trabalho dos funcionários, os quais são fatores diretos na minimização do sofrimento dos pacientes.

    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela

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  49. NAILSON ALVES DOS SANTOS
    Na nossa terceira visita, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Liberdade, localizado no Bairro Siqueira Campos. O CAPS foi criado justamente para substituir os Hospitais Psiqiátricos. É composto por psiquiatra, enfermeiro, psicólogo e assistente social. Através de atividades comunitárias, reuniões oficinas, teatro, dança e produção artersanal tem por objetivo a autonomia e reinserção social dos usuários.
    Os CAPS são divididos em 5 tipos:
    • CAPS I - são serviços para cidades de pequeno porte, que devem dar cobertura para toda clientela com transtornos mentais severos durante o dia (adultos, crianças e adolescentes e pessoas com problemas devido ao uso de álcool e outras drogas).

    • CAPS II - são serviços para cidades de médio porte e atendem durante o dia clientela adulta.

    • CAPS III – são serviços 24h, geralmente disponíveis em grandes cidades, que atendem clientela adulta.

    • CAPSi – são serviços para crianças e adolescentes, em cidades de médio porte, que funcionam durante o dia.

    • CAPS ad – são serviços para pessoas com problemas pelo uso de álcool ou outras drogas, geralmente disponíveis em cidades de médio porte. Funciona durante o dia.

    Em Sergipe há 25 CAPS, sendo a grande maioria do tipo I. O CAPS Liberdade enquadra-se na classificação III.
    A meu ver, essa terceira visita nos trouxe um conhecimento de realidade que pouquíssimos estavam a par. Essa faceta do SUS é de extrema importância aos que sofrem de transtorno psiquiátrico, pois encontram ali abrigo, amparo e uma reinserção social de fundamental relevância. E para nós, futuros médicos, conhecer essa realidade e os usuários é de extrema valia, pois no decorrer da vida nos depararemos com muitos portadores de transtornos psiquiátricos, e o nosso dever é atender com o maior respeito possível, levando em conta todas as suas queixas e deixando de lado todo preconceito.
    REFERÊNCIAS
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33882
    http://www.saude.se.gov.br/index.php?act=interna&secao=151

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  50. Tacianne Rolemberg Braga

    Como muitos amigos citaram anteriormente, a visita ao CAPS nos trouxe um misto de sentimentos, provavelmente pelo desconhecido e pelo preconceito que se embute a ele. O CAPS liberdade presta atendimento a 520 usuários, destes apenas 200 frequentam, os demais são apenas para consulta ou recebem o atendimento domiciliar. Durante a visita, tivemos a oportunidade de assistir a uma assembleia com os usuários e profissionais do CAPS, experiência enriquecedora que nos demonstrou autonomia daqueles indivíduos. Fomos recebidos pela Assistente social, Larissa, e o oficineiro, Aragão, que nos explicou sobre o funcionamento da unidade.
    O CAPS Liberdade oferece trabalho de habilidades, questões terapêuticas e desenvolvimento do usuário através de oficinas. Apresenta 8 leitos, atende 12 paciente em regime de residência terapêutica, contando com uma equipe multidisciplinar.
    O objetivo do Centro de Atenção Psicossocial é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário. No entanto, o CAPS não consegue muitas vezes resolver o problema social, seja por falta de auxílio da família durante esse processo, por falta de moradia, entre outras, o que acaba dificultando a reinserção do indivíduo.
    Visitar o CAPS nos fez perceber o quanto são imprescindíveis no sentido de reconhecer o indivíduo com sujeito, evitando a medicalização exacerbada e anulação do mesmo, produzindo autonomia e convidando o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento. Provocando-nos a uma reflexão sobre a nossa futura prática médica, na tentativa de que ela seja o mais humana possível.

    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela

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  51. Cecília Neri
    Confesso que a visita ao CAP'S foi uma grata surpresa para mim. Sempre ouvi falar sobre, mas nem fazia ideia de como as coisas funcionavam.
    A boa impressão começou com a reunião da qual participam os usuários, a assistente social, o oficineiro, e demais integrantes. Tenho que confessar, também, que achei engraçado e de muita valia a reunião. Ouvem-se os usuários! Achei isso tão includente. .
    Eles iniciam a assembleia rezando. Os próprios puxam com um respeito que me fazia rir e admirar ao mesmo tempo. Eles têm senso de respeito. E eu, em minha ignorância, achei aquilo admirável por achar que esse não seria um sentimento existente em "loucos".
    Fomos a eles apresentados e em seguida foi passada a agenda do mês contendo as atividades a eles destinadas: atividades físicas, aulas das oficinas de atividades manuais, passeios e visitas. Eles têm consciência de que aquilo é para ser executado, de que aquilo é prazeroso e de que alguns colegas têm se ausentado da participação, questionando, inclusive, sobre a ausência continuada de alguns faltosos, citando-se, inclusive, nomes. Muito bons observadores.
    Em alguns momentos duvidava de que alguns extremamente falantes, e bem falantes, com fluxo linear de ideias, com um português muito bem articulado fossem realmente para estar ali junto com outros um tanto quanto agitados e visivelmente loucos.
    Em um certo momento foi avisado para eles sobre medicamentos que estavam em falta e que haviam chegado na farmácia, sobre as marcações de consulta, sobre mudanças no quadro de profissionais médicos e essa atitude me deixou clara a intenção de não institucionalizá-los, mas sim criar uma autonomia para eles.
    Após esse 1º contato, fomos a uma sala para conversarmos com Larissa, a assistente social responsável por nos passar informações sobre o funcionamento do CAP'S. Ficamos sabendo, então, que lá é um CAP'S 3, destinado a pessoas com transtornos mentais seja de que etiologia for. A unidade tem 520 usuários ativos, sendo que desses, a frequência é de aproximadamente 200 pessoas. Os demais são os usuários que se utilizam de consultas e atendimento domiciliar. Há, ainda, os que ficam em nível de acompanhamento por toda a vida.
    A terapêutica é embasada em oficinas, e isso nos lembrou um filme passado por nosso professor de psicopatologia : Uma janela para a Lua, o que mais uma vez me surpreendeu de uma forma muito positiva pois, através do filme e dos debates que se seguiram, vimos que explorar as habilidades dos pacientes traz cada um a um sentimento de utilidade para a sociedade, além do respeito ao cidadão com pessoa capaz de executar atividades exigidas deles.
    Há 2 psiquiatras para acompanhamento das equipes da unidade e há, ainda, as residências terapêuticas (RT) para receber e abrigar pacientes que são regressos de hospitais psiquiátricos de longa permanência e que há muito estiveram institucionalizados. Larissa nos passou um dado bastante animador de que através do CAP'S o número de internações caiu nas clínicas psiquiátricas.

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  52. (continuação)
    Questionamos a respeito da participação conjunta da família com os profissionais e, infelizmente, soubemos que essa é a figura menos presente. Nas quintas feiras à tarde há reuniões destinadas às famílias, porém, dos 520 usuários somente 6 famílias estão presentes, e são essas mesmas 6 que se repetem em todas as reuniões. Como se conhece e convive com os usuários por muito tempo, o vínculo se estreita e, os próprios funcionários são os maiores e quase que únicos colaboradores para a melhora dos mesmos. Para pacientes em crise, há acolhimento noturno e durante 3 meses o mesmo dorme no CAP'S retornando, após esse período, às suas casas.
    Me alegrou ver esse tipo de atendimento dedicado a grupos tão carentes de terapêuticas humanizadas e não só resumida à medicamentalização. Percebemos que os funcionários se relacionam bem com os usuários, os conhecem pelo nome e conhecem, também, suas histórias de vida. Espero que assim também seja nos demais centros de apoio psicosocias do Brasil. A visita foi uma grata surpresa por nos mostrar como com boa vontade e pessoas compromentidas podemos ver algo público funcionar com qualidade.

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  53. David Wokson
    Os CAPS constituem estratégia do processo de reforma psiquiátrica,pois substitui o antigo modelo manicomial de hospitais psiquiátricos. Que medicava-os para tirar o indivíduo do convívio social ao invés de procuras outras formas de minimização de sofrimentos.São instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, para facilitar a inserção social e familiar, na busca de autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico.
    A visita foi realizada ao CAPS liberdade localizado no bairro Siqueira Campos. O Centro conta com uma equipe multidisciplinar: dois psiquiatras, psicólogo, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, oficineiros e educador físico.
    Várias são as atividades realizadas e muitas podem ser criadas por interesse dos usuários, através de realização de atividades produtivas, o exercício coletivo da cidadania.Existe uma agenda de atividades, como exemplo: Assembléia com os usuários, para expor o que está sendo proveitoso; oficinas para melhorar a coordenação motora e a elaboração de ideias; Visitas domiciliares; Consultas médicas e com psicológos, além de Acolhimento .
    Há cinco tipos de CAPS. (adultos, crianças/adolescentes e usuários de álcool e drogas),por contingente populacional (pequeno, médio e grande porte)
    CAPS I - serviços para cidades de pequeno porte, que devem dar cobertura para toda clientela com transtornos mentais severos durante o dia (adultos, crianças, adolescentes e pessoas com problemas devido ao uso de álcool e outras drogas);
    CAPS II - serviços para cidades de médio porte , que atendem durante o dia clientela adulta;
    CAPS III – serviços 24h, geralmente disponíveis em grandes cidades, que atendem clientela adulta.
    A visita ao Caps Liberdade foi de suma importância pois nos trouxe uma realidade do trabalho que vem sendo realizado com os usuários e suas famílias no processo de inserção social como um todo.

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  54. Dimas Fernandes Vasconcelos Júnior

    O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) é um serviço público de saúde mental voltado para o atendimento de pacientes com estado mental alterado, tem como objetivo, o tratamento da saúde mental , oferecendo atendimento à população, realizando o acompanhamento clínico, e como o principal desafio promover a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho e ao lazer, a fim de fortalecer os laços familiares e comunitários.
    Na visita tivemos a oportunidade de participar do momento em que os usuários do CAPS se reúnem para falar de outras atividades, fora da sua unidade, para discutir vários assuntos. A reunião é feita no pátio, onde todos os presentes ficam sentados em roda. Um dos pacientes é o coordenador da discussão e outra faz o papel de secretária, anotando tudo que foi dito durante a reunião. Todos eram ouvidos e o momento de falar era respeitado, existindo poucas interrupções. Foi um dia em que o grupo estava pensando em se reunir para ir em busca de uma paciente que há algum tempo não estava comparecendo as reuniões.
    Os usuários da unidade formam um grupo heterogêneo. Em alguns, percebe-se facilmente que há algum distúrbio mental, já em outros, só após algum tempo notamos algo diferente. Alguns são bastante comunicativos, outros são mais reclusos. Alguns funcionários antes de começar o trabalho tinham receio do que poderia acontecer, pois não conhecia muito bem o paciente com alteração mental, mas com o tempo percebeu que em muitos momentos, os pacientes são muito divertidos e o trabalho está sendo prazeroso e recompensador.
    No CAPS, além do atendimento de ambulatorial de psiquiatra, são oferecidos: serviço social, psicólogos, professores de educação física, enfermeiros e uma farmácia onde os pacientes recebem seus remédios. A unidade oferece também dormitório para o caso de algum usuário que esteja em surto e necessite dormir sob observação. Em relação a estrutura observa-se que tem algumas deficientes, principalmente pelo calor e aparente falta de conforto, porém a área livre pareceu ser do tamanho suficiente. As oficinas de música, bijuterias, pintura entre outras tem o objetivo de que os usuários aprendam algo, ocupem seu tempo e se sintam melhores.
    Acredito que essa nova forma de vê o doente mental seja a maneira correta. Uma internação psiquiátrica clássica, de manicômios, não tem a capacidade de fornecer ao doente o apoio necessário para a sua condição, talvez sendo negativo o resultado final. Já esse novo modelo, que está sendo implantado não só aqui em Aracaju, mas em todo o Brasil, oferece ao portador de distúrbio mental um convívio social bastante positivo.
    Acredito que todos os estudantes saíram com uma visão diferenciada do que é o CAPS, e acima de tudo do paciente mental, já que nesse dia tivemos a oportunidade de presenciar a reunião, que é ímpar e traz uma satisfação de poder vivenciar esse lado que não é encontrado livros, que somente presenciando é possível sentir o que realmente é, e acima de tudo, no decorrer da vida de estudante um aprendizado que não será esquecido facilmente.

    [1] Ministério da Saúde. Centros de Atenção Psicossocial - CAPS. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela.
    [2] Relatório de Gestão do Ministério da Saúde- Sáude Mental: Acesso ao tratamento e mudança no modelo de Atenção. Ano: 2006

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  55. Em nossa terceira visita da disciplina de Saúde coletiva III, conhecemos o CAPS Liberdade, localizado no bairro Siqueira Campos. Os CAPS (Centros de atenção psicossocial) tem o objetivo de oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Estes centros são frutos do movimento de luta antimanicomial do Brasil, atuantes desde 1987. A luta antimanicomial é um movimento importante no que se refere às mudanças no modo de cuidar do chamado louco e, sobretudo, na garantia de seus direitos e de sua reinserção social. Antigamente os indivíduos com problemas mentais eram excluídos e vistos como não portadores de direitos civis. A tradicional forma de “tratar” a loucura, desprezava sobretudo à classe trabalhadora que perdeu a capacidade laborativa, e atuava através do asilamento e pela violência institucionalizada. Muitas pessoas no Brasil infelizmente ainda são institucionalizadas e isoladas em hospitais psiquiátricos, o indivíduo aprisionado é “antes de mais nada, um homem sem direitos, submetido ao poder da instituição, à mercê, portanto, dos delegados da sociedade (os médicos) que o afastou e o excluiu” (Basaglia: 1985, 107).

    Neste contexto tem sido importante a atuação do movimento de luta antimanicomial no sentido de estar pressionando para a efetivação da Reforma Psiquiátrica com o consequente fim dos hospitais psiquiátricos e fortalecimento da rede de atenção à saúde mental de base comunitária e atenção à saúde de acordo com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Muito já foi conquistado e hoje os “loucos” finalmente são vistos como sujeitos e portadores de direitos.

    Em Aracaju temos 6 CAPS:
    - 3 funcionam 24h
    - AD
    - AD infantil
    - Infantil para psicóticos

    E contamos com uma unidade de urgência que é o hospital São José. Cada CAPS é responsável por uma região (bairros específicos), mas muitos usuários burlam esta organização para ter acesso ao local (ex: usuários do interior informam ser de Aracaju).

    O CAPs Liberdade, tipo III, tem o objetivo de desospitalizar, incluir os usuários em atividades sociais, cuidar dos pacientes em crise. Uma das dificuldades que apresenta é incluir os familiares no cuidado do paciente. Como sabemos, todo estes centros são portas abertas o usuário que não consegue ir ao local é pego em casa e levado para casa, mas os mesmos não dormem no local a não ser que estejam em crise. É interessante observar que a maioria das crises dos pacientes se concentra nos períodos festivos, tentativa dos familiares de se “livrar” dos parentes para que durmam no CAPs. Demonstrando ainda que a população precisa amadurecer no tocante a vê-los como pessoas e não coisas, não os excluindo socialmente. Um problema frequente observado pela equipe, é quando o SAMU não prioriza ocorrências de saúde mental o que fortifica o pensamento anterior. Quando o portador de doença psiquiátrica depreda ambiente público é retirado pelo corpo de bombeiros, se entram em crise, e possuem cuidador, são levados a urgência mental pelo SAMU, mas se entram em crise no próprio CAPS recebem acolhimento noturno por 7 dias até a estabilização do quadro.

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  56. CONTINUAÇÃO:

    O ambiente no CAPS é um tanto curioso, os usuários ficam soltos, tem total autonomia, se divertem, interagem com a equipe. São realmente VISTOS!!! Participam de diversas oficinas e grupos terapêuticos (dança, artesanato, oficina de bijouterias, reuniões, assembleias) e inclusive os produtos confeccionados por eles são colocados à venda objetivando a geração de renda. A assembleia dos usuários é coordenada pelos próprios usuários que manifestam seus pensamentos e opiniões. Além de todas essas atividades de inserção social, os usuários não deixam de ter atendimento médico psiquiátrico e psicológico até que recebam alta da equipe. Os oficineiros do local, Aragão e Keith, realmente ganham o afeto dos pacientes e o papel do vínculo é bastante terapêutico para os pacientes.

    Outro local que acolhe estes indivíduos são as residências terapêuticas, mantidas pelas prefeituras, destinada àqueles usuários que não possuem contato com a família ou cuidadores ou mesmo aqueles que saíram de antigos manicômios (ex: Garcia Moreno), que fecharam, e assim perderam vínculo familiar. Existem 4 aqui em Aracaju. Cada residência possui um cuidador e o usuário deve frequentam o CAPS 3x/semana. Recebem benefício para sua subsistência.

    Esta visita foi essencial para nós futuros médicos que temos a tendência a achar que a medicalização é a solução. Precisamos parar de enxergar os portadores de doenças mentais apenas no aspecto biológico, os acolhendo e ouvindo suas opiniões. Devemos nos lembrar de que são sujeitos de si, que possuem direitos e não diferem de qualquer outro indivíduo que tratamos.

    Referências:
    GRUNPETER, PV; COSTA, TCR; MUSTAFÁ, MAM. O movimento da luta antimanicomial no Brasil e os direitos humanos dos portadores de transtornos mentais. Anais do II Seminário Nacional (Movimentos Sociais, Participação e Democracia) 25 a 27 de abril de 2007, UFSC, Florianópolis, Brasil. Disponível: http://www.sociologia.ufsc.br/npms/paula_v_grunpeter.pdf
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela

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  57. Historicamente o Brasil passou por reformas no tratamento da questão da loucura. Inicialmente essa questão não representava preocupação à sociedade e ao regime da época. O louco simplesmente era excluído do processo de trabalho do regime escravocrata que tinha a força de trabalho como moeda de troca. Portanto, durante esse tempo, a Europa era procurada por ricos com transtornos mentais e o restante espalhados no meio dos pobres em todo território nacional. Assim, sob o regime da época, a “esquisitice” não tinha nenhuma conotação patológica
    A criação dos CAPS (Centro de atenção psicossocial) representa um passo fundamental na Reforma Psiquiátrica Brasileira. Os CAPS, que são centros de acolhimento, vieram para substituir o antigo modelo manicomial de hospitais psiquiátricos. Isso representa a mudança de um modelo em que os pacientes portadores de doença mental eram isolados em manicômios sobre condições desumanas, para um modelo que visa o melhor atendimento do doente e a reintegração dele à sociedade.
    Por meio do encontro, foi propiciada a participação na Assembleia semanal que pacientes, funcionários e familiares realizam com o intuito de discutir os assuntos da instituição, direitos, deveres e necessidades. E cabe aqui uma ressalva importantíssima: os usuários possuem um incrível senso crítico e analítico a respeito de sua condição clínica, de seu papel na sociedade, dos problemas e desafios que enfrentam, do preconceito e do trabalho que deve ser feito para que mais espaço e oportunidades sejam oferecidos em suas trajetórias.
    Cada palavra e argumento, era carregado de verdade, honestidade, e mesmo aqueles que, infelizmente, estavam mais debilitados mentalmente, ouviam atentos e contribuíam com a reunião.
    O CAPS tem hoje 390 usuários de idades que variam desde 16 a 70 anos. Para atender a todos esses pacientes, o CAPS funciona 24 horas todos os dias e conta com uma equipe multiprofissional composta de médicos psiquiatra, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e técnicos de enfermagem. Essa equipe trabalha em conjunto para que ocorra um menor número de internações psiquiátricas e para que os pacientes retornem ao convívio social e familiar o mais breve possível. O médico psiquiatra está presente no CAPS de segunda a quinta. Em caso de alguma urgência nos dias em que o médico não esta presente, o paciente é levado via SAMU a uma urgência psiquiátrica.
    A visita ao CAPS foi a mais interessante dentre todas que fizemos pois até então, durante os três anos de curso, não havíamos tido contato com pacientes psiquiátricos. Esse nosso desconhecimento acerca do que encontraríamos durante essa visita fez com que vários de nós ficássemos receosos quando entramos no CAPS, o que dava pra ver claramente no semblante de alguns.

    REFERÊNCIAS
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela
    http://www.saude.se.gov.br/index.php?act=interna&secao=151

    Lucas Augusto Barreto

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  58. Pedro Guimarães Santana

    No dia 14/03 eu fui ao CAPS(Centro de Atenção Psicossocial) Liberdade, localizado no bairro Siqueira Campos. É importante citar a minha impressão inicial a respeito dos paciente psiquiátricos e do tratamento proposto aos mesmos. Antes dessa visita pensava que os pacientes que eram submetidos a tratamento psiquiátrico eram dotados de "loucura", apresentando um comportamento notavelmente anômalo em relação aos demais. Sempre acreditei que possuíam agressividade, podendo portanto serem nocivos diante do tratamento, e que este, aliás, tinha pouca ou nenhuma eficácia.
    Logo qunado cheguei no CAPS estava acontecendo uma Assembléia, constituída pelos usuários e pelos funcionários do posto. Fiquei sabendo que essa reunião não era ocasional, mas sim fazia parte de uma rotina de acompanhamento, acontecendo todas as quintas-feiras. Além disso, os assuntos abordados não eram pré-estabelecidos,muito pelo contrário, os paciente falavam daquilo que achavam que era necessário ser dito. Em outras palavras, os temas eram livres e de acordo com os desejos e opiniões dos paricipantes.
    Após o término da Assembléia, dois funcionários do posto, Larissa (assistente social)e Aragão (oficineiro), nos ensinaram mais a respeito do sistema de funcionamento do CAPS. Foi a partir daí que aprendi que o CAPS Liberdade é do tipo 1, sendo assim destinado a pacientes mentais graves e dependentes químicos. Descobri também que o posto atende a 520 pessoas, sendo 200 frequentadores e o restante acompanahdos com consultas ambulatoriais e domiciliares. Os funcionários enfatizaram que o bom funcionamento do CAPS depende de um trabalho multiprofissional (psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras), todos empenhados em melhorar a sociabilidade e portanto a convivência social dos pacientes, principal objetivo do tratamento. E esse objetivo citado é conseguido principalmete por meio das oficinas, de vários tipos (pintura, habilidades motoras, cidadania, discurso), todas com a intenção de promover a interação social, com o intuito assim de reintegrá-los ao bom convívio em sociedade. Segundo Aragão (oficineiro), há uma melhora clara e perceptível em termo de sociabilidade entre os participantes das oficinas.
    Devo destacar aqui que há uma terapêutica singular, e portanto volatada para as necessidades de cada indivíduo, o que me deixou bastante impressionado. Além disso, é importante mencionar que a intenção da criação dos CAPS foi de substituir os antigos Hospitais psiquiátricos, como tem sido feito.
    De um ponto de vista crítico deve-se slaientar o preconceito ainda muito forte e existente contra os pacientes psiquiátricos (usuários do CAPS), muitas vezes oriundo da própria família. Os familiares tendem a discriminar o usuário, têm receio de que ele "surte" e alguma ocasião importante. Outro ponto importante para expor é o despreparo dos demais profissionais da saúde, muitos dos quais nunca tiveram a oportunidade de conhecer o modo de funcionamento de um posto como esse. Esses profissionais chegam inclusive a negligenciar atendimento com receio de não saber lidar com o paciente.
    Dessa forma, mudei diametralmente a minha impressão inicial, como já tinha dito no primeiro parágrafo. Hoje vejo que os usuários do CAPS não são tão diferentes assim dos que consideramos "normais", e que o tratamento/ acompanhamento tem uma eficácia comprovada e importante para o paciente e para a sociedade.

    Referências Bibliográficas
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33882
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela
    http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf.
    .http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33929.

    Pedro Guimarães Santana

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  59. REBECA ZELICE DA CRUZ DE MORAES

    No dia 14 de março de 2013 visitamos CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial) Liberdade, situado no bairro Siqueira Campos. O CAPS atende pacientes que tem transtornos mentais de moderados a graves, com idade entre dezesseis e setenta anos, de ambos os sexos. Este CAPS com 520 usuários, sendo que 200 são frequentadores e os demais recebem atendimento por meio de consultas ambulatoriais e domiciliares.
    Os CAPS entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-se a organização de uma rede substitutiva ou alternativa ao Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário. O mesmo oferece cuidados intensivos, semi-intensivos ou não intensivos a pacientes com sofrimento psíquico. Tais cuidados são realizados por uma equipe multidisciplinar, dotada de psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, profissionais da educação física, dentistas psicoterapeutas, assistentes sociais. São promovidas, além de atividades terapêuticas, também atividades ocupacionais, como oficinas de música, pintura e artesanato. Isto tudo visa o acolhimento e inserção social do paciente psiquiátrico, proporcionando autonomia ao mesmo tempo um acompanhamento clínico ao paciente.
    A visita ao CAPS liberdade trouxe a tona em mim, e acredito que também à todos os meus colegas que realizaram a visita na quinta-feira, uma gama de sentimentos e sensações que nos possibilitou diversas reflexões. Quando nos foi proposto à visita ao CAPS, fui tomada por uma sensação de curiosidade, dúvidas e confesso que até um pouco de receio: O que os pacientes estariam fazendo? Como iriam nos receber? Ao chegar percebi que estava iniciando-se uma reunião, com uma disposição aleatória de pessoas, que me fez questionar-me: Quem são os pacientes e quem são os cuidadores?
    Aos poucos fui me ambientando e prestando atenção nas particularidades dessa reunião. Pude perceber que eles estavam discutindo como ficariam organizadas as atividades desse ano letivo, um homem se pronunciava falando quais oficinas e atividades funcionariam e quais deixariam de funcionar, intui que ele era responsável pelas oficinas, logo depois confirmei, ele era “oficineiro”, logo depois vieram os “informes”, quando o oficineiro perguntava se alguém teria alguma notícia, alguns se pronunciaram questionando sobre a falta de alguns colegas, dando notícias a mando de outros professores, questionaram a minha turma sobre as greves, e até fizeram reclamações, tudo isso com uma clarividência, encadeamento lógico de ideias e lucidez impressionante.
    Fiquei surpresa também com algumas cenas, e também com algumas pessoas que nessa reunião encontravam-se: Enquanto eu prestava atenção nos “informes”, comecei a atentar para o ambiente a minha volta, onde vi alguns pacientes conversando, fumando, interagindo com gestos de carinho; porém, alguns outros pareciam estar em seu próprio mundo, como um paciente que me chamou atenção por encontrar-se com roupas molhadas, falando sozinho, andando de um lado para outro, com sinais sugestivos de Parkinson, esse momento me fez refletir sobre todas as condutas mádicas que ao longo dos anos esses pacientes foram submetidos, me fez pensar o quão desumano eram esses tratamentos.
    Hoje, algumas das funções dos CAPS são:
    • Prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos;
    • Acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território;
    • Promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais;
    • Dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica;
    • Promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

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  61. CONTINUAÇÃO...
    REBECA ZELICE DA CRUZ DE MORAES

    Essas tarefas, o CAPS liberdade parece cumprir muito bem. O restante da visita foi conduzida pela assistente social Larissa e pelo oficineiro Aragão, que explicaram a turma como funcionava o CAPS. A equipe que atua lá é formada por diversos profissionais como psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, dentistas psicoterapeutas, técnicos, assistentes sociais, profissionais de educação física entre outros, que promovem atividades com fins terapêuticos e ocupacionais como promovem atividades físicas e oficinas de bijuterias, música, pintura e artesanato. E vale ressaltar que muitas vezes esse tratamento multidisciplinar surte efeitos extremamente positivos nos sentindo de alguns pacientes conseguirem estabilizar as crises que anteriormente eram frequentes e incontroláveis.
    Muito além dessas atividades em grupo, o CAPS realiza-se terapia individual, mas somente com alguns pacientes, pois não há condições de realizar essa tarefa com todos os usuários. O que se busca, na realidade, é que o usuário possa ter mais autonomia e interação com a sociedade, pois alguns pacientes só têm acesso social quando frequentam o CAPS, muitos não costumam ter na sua rotina diária práticas de lazer e convívio social, muitas vezes por negligência da família, além também do preconceito por eles enfrentado.
    Um fato muito interessante foi saber que não é apenas dentro da instituição que acontecem os serviços acima citados, algumas atividades e oficinas são propostas de serem realizadas em ambientes fora do CAPS, como praças, praias, etc. Os pacientes também recebem visitas em casa para que a equipe avalie como está o ambiente familiar e se o tratamento está sendo feito da maneira adequada.
    O CAPS liberdade está na classificação tipo III, funcionando 24h por dia com atendimento ambulatorial; o atendimento emergencial é feito de segunda a quinta, caso o usuário venha a ter alguma crise nos fins de semana ele é encaminhado para uma urgência pelo SAMU.

    A visita ao CAPS liberdade, a meu ver foi de grande importância para o entendimento do funcionamento do mesmo. Por ter sido o primeiro contato, para a maioria dos alunos, com o paciente psiquiátrico foi bastante enriquecedor, nos mostrou que eles, apesar de terem uma desordem psíquica, têm opiniões críticas, dotam de muita noção dos seus direitos, e lucidez ao que lhes cerca. Assim, pude perceber a importância de se conhecer um pouco e entender a necessidade e a realidade daqueles pacientes, o que será de grande valia para meu crescimento pessoal e profissional, pois muitas vezes o paciente psiquiátrico é negligenciado por vários profissionais da saúde, sendo marginalizados e incompreendidos pela sociedade.
    “Saúde mental é poder amar e trabalhar; amar no sentido incondicional que o verbo exige e trabalhar no sentido de criar, sendo ao mesmo tempo útil e produtivo.” Sigmund Freud

    REFERÊNCIAS:
    http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio15_anos_caracas.pdf
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33882
    http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/SM_Sus.pdf

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  62. CAPS
    Itamar Meireles
    A visita ao CAPS foi de longe a que mais nos despertou curiosidade. Nos deparamos com uma realidade totalmente diferente com àquela que nos habituamos. Pudemos entender como funciona, em parte o atendimento à saúde mental e suas conseqüências para a sociedade. O CAPS conta com uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatras, psicólogos, voluntários diversos e assistente social. Que trabalham de forma a realizar um atendimento integral ao paciente e também, acompanhamento diário e individual para oferecer uma melhor conduta terapêutica aos usuários.

    Esta instituição tem como estratégia extrair o máximo da contribuição que os indivíduos com patologias mentais podem oferecer à sociedade e a si próprio. Procura-se estimular a realização de atividades como o artesanato, ou outras produções, dependendo das habilidades de cada um, para que assim o indivíduo possa inserir-se no meio social. O CAPS participa da rede de saúde mental como porta de entrada. A estrutura é muito diferente das UBS, mas se assemelha com uma casa, porém os cômodos só possuem colchões no chão. O policial fica na porta para vigília desde a entrada e saída quanto na contenção de algum usuário. Há um espaço aberto para refeições e reuniões e há salas menores reuniões menores como foi a nossa visita ao CAPS.

    Um dos objetivos da instituição é a reinserção dos usuários à sociedade, mas tem como uma das principais dificuldades abandono pela família e não aceitação pela sociedade. A assistência básica conta com residências terapêuticas que possuem cuidadores e abrigam aqueles pacientes que perderam definitivamente o vínculo com a família e com a comunidade natal. Essas residências destinam-se principalmente àqueles abrigados no manicômios.

    Esta visita nos permitiu conhecer melhor o serviço prestado aos doentes mentais. nos proporcionou entender o funcionamento burocrático para que como futuros profissionais da saúde possamos saber orientar aqueles que necessitem do serviço.

    Referencias
    Ministério Público Federal. Declaração de Caracas. Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/saude-mental/declaracao_caracas. Acesso em: 1 de abril de 2013.

    Relatório de Gestão do Ministério da Saúde- Sáude Mental: Acesso ao tratamento e mudança no modelo de Atenção. Ano: 2006

    Ministério da Saúde. Centros de Atenção Psicossocial - CAPS. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela.

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  63. Mario Matiotti Neto
    Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) São unidades de atendimento intensivo e diário aos portadores de sofrimento psíquico grave, constituindo uma alternativa ao modelo centrado no hospital psiquiátrico, caracterizado por internações de longa permanência e regime asila(ZIMBRÃO, Adélia Cristina). Os CAPS procuram atender aos usuários junto às suas famílias e não longe delas, pois ele visa a reinstituição do indivíduo no meio familiar, social e econômico.
    Durante a visita, pudemos entender o funcionamento geral do CAPS Liberdade, entendo como deve ser feito o tratamento de forma multidisplinar do paciente portador de transtorno mental ( ou pelo menos entender em tese). Vale notar que a comunidade do CAPS forma um grupo heterogêneo, alguns são usuários de drogas ilíticitas, já outros são portadores de doenças mentais de graus variados, mas todos buscando ( ou pelo menos foi a impressão deixada) uma reinserção na comunidade, principalmente aqueles que desejam largar o vício. Além disso, por ser um centro multidisciplinar, há a participação de uma assistente social, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, terapeuta ocupacional,psicólogo, psiquiatra, nutricionista, estagiários, “oficineiros”, cozinheiros, faxineiros e vigias, e em teoria não existe hierarquia entre esses profissionais, buscando uma maior integração em prol do paciente, compartilhando conhecimentos profissionais, entretanto, esta é uma visão por demais utópica da ideia de multidisciplinariedade, é preciso ainda que estes mesmo profissionais sejam melhores fortalecidos psicologicamente para colocar em prática uma teoria tão bela ( ou seja, eles também precisam de atenção psicológica, não apenas seus pacientes).
    Vale ressaltar que as funções do CAPS são muito extensas e que para muitos desconhecida, algumas delas são: articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território, promover a reintegração do indivíduo por meio de seu trabalho, lazer, exercício de direitos civis (existe inclusive uma Assembléia realisada pelos pacientes) , além do óbvio acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes e prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos.

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  64. Mario Matiotti Neto
    Continuação

    O CAPS busca ser um modelo alternativo à modelo de internação hospitalar para doentes mentais, entretanto, por melhor que ele se torne, ele não irá excluir a função da internação - Estabilizar um paciente que encontra-se em crise - essa é a indicação básica da internação psiquiátrica atualmente, e pelo menos da forma que eu acredito, continuará assim por tempo indefinido. O CAPS atua então complemanto um modelo que sozinho era um fracasso, pois apenas com a internação não é possível obter êxito satisfatório quando o assunto é doença mental.
O que nos leva à uma nova questão que está muito em voga atualmente, a questão internação compulsória para viciados em drogas ilicitas. Existe uma pressão muito grande por parte do governo federal em “limpar” as ruas dos viciados que nela vivem, desculpem a expressão, mas essa parece ser sim a mais apropriada. Não existe racionalidade em uma medida tão déspota, que fere todo e qualquer direito humano. É bem verdade que o argumento utilizado é plausível - O trafego e o consumo de drogas está diretamente ligado à um aumento da taxa de violência - entretanto, ele não justifica essa ação. Existem modelos de atenção a indíviduos que buscam largar o vício e nenhum deles é centrado na internação, mas sim no diálogo e visado em buscar com o indíviduo forças para melhorar sua condição e se reinserir na vida social que foi perdida. Este é um dos deveres do CAPS, entretanto, corre o risco de num futuro breve existir mais viciados internados por uma via compulsória do que buscando uma reabilitação por conta própria ( a ideal).

    Referência Bibliográfica
    1. Ministério da Saúde. Centros de Atenção Psicossocial - CAPS. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela.
    2. Portal do Governo do Estado de São Paulo. Entenda o que é a internação compulsória para dependentes químicos. http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenoticia.php?id=225660.
    3. ZIMBRÃO da Silva, Adélia Cristina. Centros de Atenção Psicossocial. http://www.eaesp.fgvsp.br/subportais/ceapg/Acervo%20Virtual/Cadernos/Experi%C3%AAncias/1999/12%20-%20caps.pdf

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  65. Como destino da 4ª visita fomos ao CAPS Liberdade no qual fomos recebidos pela assistente social Larissa e pelo oficineiro Aragão, que nos passaram algumas informações. O CAPS Liberdade tem 520 usuários, sendo cerca de 200 ativos, e acompanha casos de transtorno mental grave (por isso, em geral, o acompanhamento é pelo resto da vida). Logo em seguida, assistimos a uma assembleia dos usuários do CAPS. Os funcionários são apenas organizadores e orientadores, e não há um tipo de heirarquia a ser obedecida. Durante a reunião, pudemos perceber a importância das oficinas na promoção da saúde mental.
    Após a reunião a funcionária Larissa e o oficineiro Aragão nos explicaram sobre o omposto por uma equipe multiprofissional com psiquiatra, psicólogo, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, oficineiros e educador físico. Esses profissionais acolhem, desenvolvem atividades coletivas e individuais, estimulam a prática de esportes, realizam oficinas de reabilitação e prestam atendimento aos pacientes. O CAPS III Liberdade também oferece acolhimento noturno para os pacientes em crise. O estímulo enfático dos CAPS ao convívio social para os pacientes com transtorno mental foi um ganho trazido pela Reforma Psiquiátrica, que defendeu a substituição do isolamento (“o cantinho dos loucos”) pelo convívio social. Uma dificuldade comum é o contato com os familiares. No CAPS, estimula-se que o paciente reconheça e admita seu transtorno mental.
    A visita ao CAPS, ainda que de forma muito tímida, proprociona um contato com a realidade que era apenas vista em livors de Psicopatologia e Psiquiatria. Isso me serviu para entender melhor o acolhimento ao portador de transtorno mental, além de saber como funciona o serviço no abrangente SUS. Pena não termos um acompanhamento mais duradouro em programas de saúde da família, para que o processo de aprendizagem médica se fortalessesse ainda mais.

    REFERÊNCIAS:
    Foucault, M. A História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva, 6ª ed., 2000. 

    Kantorski, L.P. et al. Avaliando a política de saúde mental. Disponível: http://revispsi.uerj.br/v10n1/artigos/pdf/v10n1a16.pdf. Acesso em 31/03/2013.

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  66. CAPS Liberdade é um dos Centros de Atenção Psicossocial de Aracaju, cujo objetivo é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
    Os usuários do CAPS devem ser pessoas que queiram o tratamento e sejam da área que a unidade cobre, porém nem sempre isso acontece porque alguns usuários do interior conseguem comprovante de residência da capital e acabam sendo registrado na unidade. Em Aracaju existem 3 CAPS 24 h,1 AD 24h, 1 CAPS infantil para AD e um CAPS infantil para psicóticos e cada um deles abrange determinados bairros.
    O CAPS atende pacientes estabilizados, que passam o dia na unidade e pacientes em crises que são atendidos no sistema de acolhimento noturno e que vêm encaminhados de hospitais como o Hospital São José já com prescrição médica.
    Por lei os pacientes deveriam ficar na unidade por até 7 dias, mas na prática o paciente só sai quando ele estiver bem, reconhecendo as pessoas e agindo coerentemente. E essa alta pode ser dada por qualquer componente da equipe.
    A rotina das atividades com os usuários inclui grupos terapêuticos de oficinas. Quando cada usuário é acolhido, a história é colhida e é formado um programa terapêutico singular, existem oficinas para usuários crônicos, mas no geral os usuários são incluídos nas oficinas segundo o que eles gostam de fazer. Além disso, tem reuniões semanais onde os usuários podem se expressam e debater sobre assuntos atuais, que é uma forma de eles se sentirem capazes de dar opinião e se expressar e é também nessas reuniões que eles fala um pouco dos preconceitos da sociedade e de frustrações pessoais.
    Os profissionais que aí trabalham criam um vínculo com os usuários e muitos destes só frequentam o CAPS pela presença daqueles e isso é refletido no abandono do tratamento de alguns usuários quando um funcionário é transferido. Esse vínculo é útil, pois muitas vezes que um usuário perde o controle tem um funcionário que pode acalmá-lo somente com a conversa e se isso não acontecer o SAMU é solicitado e o paciente é transferido para o Hospital São José. Esse vínculo ainda não é percebido entre o médico e os pacientes, talvez porque as consultas só ocorrem de 2 em 2 meses ou mesmo por uma falha no sistema de formação do médico que muitas vezes tem uma visão mais biológica e acha que o medicamento pode resolver tudo e não percebem a importância da relação médico-paciente no plano terapêutico.
    A maioria dos pacientes do CAPS tem família e a visita desta é liberada diariamente, porém nem sempre a família quer contato com o paciente, o que muitas vezes atrapalha o plano terapêutico. Porém alguns usuários são originários dos antigos manicômios e perderam o vínculo familiar, para esses usuários existem as residências terapêuticas que são casas comuns que abrigam cerca de 8 usuários e possui um cuidador. Todas essas residências são vinculadas a um CAPS, o qual os pacientes frequentam 3 vezes por semana.
    Muitas vezes os pacientes mentais incomodam a sociedade quando dividem com ela o mesmo espaço físico e isso tem gerado discussões quanto ao projeto de internação compulsória de pacientes que se recusam a fazer o tratamento. Um caso citado foi o da ‘’velha do shopping’’, a qual não tinha sua autonomia afetada, pois ela ia ao shopping pagar suas contas, mas a sociedade e a própria família queria interná-la compulsoriamente, por causa do desconforto que causava a presença dela no shopping. A grande questão é que o sistema de saúde mental serve para garantir a autonomia das pessoas, mas será que é possível manter uma terapêutica contra a vontade da pessoa.

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  67. No dia 14 de março, fomos ao CAPS Liberdade, no bairro Siqueira Campos, com o objetivo de aprender o seu funcionamento e termos o primeiro contato com os pacientes com distúrbios psiquiátricos, no caso a maioria dos alunos. Logo quando chegamos pode-se perceber que alguns alunos estavam um pouco receosos, pois os pacientes ficavam andando de um lado para o outro, alguns falavam sozinhos e outros chegavam até a encarar-nos. Porém, quando começou a reunião pudemos perceber que o CAPS atua humanamente, inserindo esses pacientes, os quais são estigmatizados pela população, na sociedade através do estímulo constante da sua autonomia. Isso se dá por tarefas como oficinas terapêuticas, que visam estimular a criatividade dos pacientes, e assembleias, as quais incentivam a livre expressão dos pacientes, podendo, assim, opinar de forma livre a respeito do que está sendo debatido.
    Posteriormente, os funcionários Larissa e Aragão nos explicaram de forma concisa como o CAPS Liberdade funciona. Ele é um serviço de atendimento diário de 24 horas que propicia o atendimento de 520 pacientes psiquiátricos. O CAPS é formado por uma equipe que envolve tanto psiquiatras como também psicólogos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, terapeutas ocupacionais e oficineiros.
    Algumas funções dos CAPS são: prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos; acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território; promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais; regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação; dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica; organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios; articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território; promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
    Fica evidente que este serviço é de grande valia para inserção social dos pacientes com distúrbios psiquiátricos, os quais são estigmatizados por muitos que se dizem ‘normais’.
    Referência:
    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797

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  68. Leyla Manoella Maurício Rodrigues de Lima

    A visita ao Centro de Apoio Psicossocial Liberdade (CAPS Liberdade) foi uma das mais enriquecedoras do período. Como preconiza a Política de Saúde Mental do SUS, entre as atribuições de um CAPS, estão: desenvolver projetos terapêuticos e comunitários, dispensar medicamentos, encaminhar e acompanhar usuários que moram em residências terapêuticas e assessorar o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e Equipes de Saúde da Família no cuidado domiciliar. Em conversa com a assistente social e coordenadora do CAPS, Larissa, pudemos perceber que todas essas atividades são cumpridas pelo CAPS Liberdade. Esse CAPS é responsável pelo acompanhamento de cidadãos com transtornos mentais graves. Ele tem atualmente 520 usuários ativos, mas somente cerca de 200 frequentam a unidade, os demais recebem atendimento domiciliar. As oficinas são o carro-chefe da unidade. Através delas se faz o acompanhamento dos usuários, estimulando o desenvolvimento de várias habilidades, como coordenação motora, criatividade, trabalho manual, esportes, entre outras. Elas buscam principalmente estimular a autonomia dos usuários. Tivemos a oportunidade de assistir a uma reunião dos usuários com as equipes e percebemos que foram ofertadas a eles várias oficinas de diversas modalidades. Além disso, nesta reunião, cada participante que desejou dar algum informe ou fazer algum comentário teve sua vez e foi ouvido. Este foi um dos pontos positivos que percebi, pois a sociedade tende a tentar calar os ditos loucos, não dando a devida atenção ao que eles têm a dizer.

    As equipes profissionais do CAPS são multidisciplinares e trabalham bastante integradas. Entre eles, estão dois psiquiatras, mas que não estão lá em todos os momentos. Porém, como há um forte vínculo entre os usuários e os profissionais, estes, mesmo na ausência dos médicos, já percebem quando um usuário está prestes a entrar em crise. O diálogo e a negociação são muito usados por eles para tentar acalmar o usuário e, às vezes, evitar o desencadeamento da crise. O acolhimento noturno e a permanência nos fins de semana são mais um recurso terapêutico, visando proporcionar atenção integral e evitar internações psiquiátricas. Eles são utilizados nas situações de grave comprometimento psíquico ou como um recurso necessário para evitar que crises emerjam ou se aprofundem. Quando a crise é muito grave, pode ser necessário encaminhar o paciente para a urgência mental, que fica no Hospital São José. Quando controlada, o usuário volta a ser acompanhado pelo CAPS. Quando um usuário deixa de comparecer à unidade, se faz busca ativa e procura-se retomar a confiança do paciente e reintegrá-lo.

    Um dos grandes problemas citados pela equipe é que ainda há o costume da institucionalização por parte das famílias, as quais tentam transferir para o CAPS todos os cuidados com os usuários, muitos dos quais não são atribuições do CAPS e sim da própria família. Entre esses cuidados negligenciados estão os cuidados pessoais e a responsabilidade em acompanhar os usuários às consultas médicas. O contato com as famílias é muito difícil, embora haja reuniões semanais, a grande maioria não comparece. Isso dificulta muito a tentativa de reintegração dos usuários à sociedade, pois o acolhimento por parte da sociedade e das próprias famílias ainda é pobre e cheio de preconceitos. Outro ponto que alguns usuários e familiares não compreendem totalmente é que os usuários não devem permanecer no CAPS 24 horas por dia. Eles devem retornar às suas casas à noite, já que o acolhimento noturno, quando necessário, deve se estender por no máximo por sete dias corridos ou dez dias intercalados durante o prazo de 30 dias. Por vezes, quando o descaso da família é muito grande, faz-se necessário acionar o ministério público para solucionar a questão.

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  69. CONTINUAÇÃO:

    Acompanhados pelo CAPS Liberdade, há também alguns usuários que são moradores de rua. Embora o CAPS tente reinserir em moradias a maioria dos usuários, em alguns casos isso não é possível, pois alguns problemas sociais são graves e resolvê-los não é mais da alçada dos CAPS. Porém, o fato de ser morador de rua não impede que o usuário faça seu acompanhamento de saúde mental nos CAPS e, principalmente, não implica que ele tenha que ser institucionalizado. Uma vez que o cidadão esteja estável e bem adaptado à sua realidade, qualquer que seja ela, não oferecendo perigo a si mesmo ou aos outros, ele não deve ser retirado compulsoriamente de sua situação. Fazer isso é incorrer no risco de desencadear crises graves, podendo chegar ao suicídio.O clamor social pela internação compulsória, às vezes muito intenso, se dá mais por incômodo da própria sociedade do que por necessidade real do portador de transtorno mental.

    Em Aracaju, há quatro Residências Terapêuticas. Destas, duas tem seus residentes (egressos dos hospitais psiquiátricos) acompanhados pelo CAPS Liberdade. Eles vão à unidade três vezes por semana, onde passam o dia e atendem a consultas médicas. Mas por serem casos muito crônicos, foi reportado que eles pouco interagem com os demais membros da comunidade. Estas residências também recebem visitas domiciliares.

    O CAPS Liberdade, em funcionamento há apenas 11 anos, já tem papel fundamental na reestruturação da saúde mental em Aracaju, assumindo uma política antimanicomial, que não demoniza a loucura, nem tenta anular o indivíduo através da medicalização. Mas que busca desenvolver um projeto terapêutico que enxerga cada indivíduo em sua singularidade e visa resgatar sua autonomia e cidadania.

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  70. Níris Stéfany Barbosa dos Santos

    O CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) é definido pelo Ministério da Saúde como um serviço de saúde mental de base territorial e comunitária do SUS que se destina ao tratamento das pessoas que sofrem com transtornos mentais (psicoses, neuroses graves e demais quadros), cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência em um dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida.¹

    No entanto, o CAPS representa muito, além disso, na história da saúde mental. Na segunda metade do século XX, a assistência mental passou e vem passando por profundas mudanças nos países ocidentais, incluindo o Brasil, que culminaram no que conhecemos como Reforma Psiquiátrica. Dentro dela surgiu um novo paradigma de assistência em saúde mental, que tem resultado, dentre diversas transformações no setor, em um processo de desospitalização.² Assim surge o CAPS, serviço de atendimento criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos, equipamento estratégico da atenção extra-hospitalar em saúde mental.¹

    A unidade que visitamos foi o CAPS III Liberdade, localizado no Bairro Siqueira Campos, que possui 11 anos de funcionamento. Como um CAPS III, é responsável pelo atendimento de adultos com transtorno mental grave e persistente, possui atualmente 520 usuários ativos, onde são 200 de freqüência diária, com o restante comparecendo apenas às consultas. Possui também serviços 24h, possuindo 8 leitos para abrigo provisório de usuários em crise, onde são 4 leitos femininos e 4 masculinos, que podem ser remanejados dependendo da necessidade. A unidade serve ainda de referência e apoio para duas Residências Terapêuticas (outro equipamento de combate à internação hospitalar) que possuem 14 usuários egressos de hospitais psiquiátricos fechados (Adauto Botelho, Garcia Moreno e Santa Maria).

    Quanto à assistência prestada no CAPS Liberdade, os elementos que vimos são os resultados da construção de um nodo modelo que respeita as singularidades e promove a autonomia dos usuários. Um dos focos da unidade é o fornecimento de oficinas terapêuticas onde os usuários executam diversas atividades, técnicas artesanais, confecção de materiais e tarefas. Esses espaços estimulam assim o desenvolvimento de autonomia, pois desenvolvem habilidades que abrem novas possibilidades de vida. Além disso, as oficinas trabalham interação social e ressignificação de conflitos nos participantes, sendo elaboradas e propostas pelos profissionais do CAPS considerando as necessidades, os interesses e as limitações dos usuários da unidade.³

    Muitas outras características nos surpreenderam no relato dos profissionais que nos recebeu. A interdisciplinariedade da equipe foi uma das principais: os profissionais discutem cada caso e atuam de forma integrada, realizando uma troca de experiências e conhecimentos que visam trabalhar o ser humano de forma unitária, em sua dimensão social e subjetiva e não somente biológica. Outra característica foi justamente essa atuação a partir de uma compreensão do processo saúde-doença de modo ampliado e não meramente biológico: adentrando em seu ambiente familiar, fornecendo oficinas terapêuticas para familiares, intervindo nas condições sociais dos indivíduos etc.

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  71. Níris Stéfany Barbosa dos Santos (continuação)

    Mas, sem dúvida, o mais marcante da visita foi participar da Assembléia do CAPS. Neste espaço formado por profissionais, familiares e usuários todos têm a possibilidade de questionar, de propor, de se comprometer. Para os usuários a assembléia é um exercício de emponderamento, de garantia de “voz”, possibilitando assim o exercício de cidadania e o resgate do poder social³. Nas assembléias os usuários podem avaliar a dinâmica do serviço e das atividades desenvolvidas no CAPS, tais como oficinas, grupos, alimentação, medicação etc. É gritante o quanto esse espaço é importante na desconstrução da exclusão gerada pelos anos de confinamento e de abandono, e na produção da autonomia dos sujeitos.

    Uma interessante curiosidade que encontrei no livro lançado em 2011 pela FUNESA “Atenção Psicossocial no Estado de Sergipe: Saberes e tecnologias para implantação de uma política” foi a de que o CAPS Liberdade recebeu este nome depois de assembléia e votação entre usuários e trabalhadores da unidade.

    Por fim, o CAPS enfrenta também muitas dificuldades como nossa colega Leyla trouxe acima. Concordo com ela quando afirma que o descaso e preconceito das próprias famílias é um difícil entrave à tentativa de reinserção social. Entendo esse fator como umas das principais forças contrárias ao tratamento do indivíduo.

    Em suma, pude visitar a Clínica de Repouso São Marcelo há alguns anos e comparando os modelos de assistência, apesar das dificuldades que o CAPS enfrenta, é inevitável vê-lo como um retrato de grandes avanços dentro da saúde metal.

    1. Ministério da Saúde & CONASEMS. SUS de A a Z, Garantindo Saúde nos Municípios. 3ª ed. Brasília-DF, 2009.

    2. ANTUNES SMMO, QUEIROZ MS. A configuração da reforma psiquiátrica em contexto local no Brasil: uma análise qualitativa. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23(1):207-215, jan, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n1/21.pdf

    3. Atenção Psicossocial no Estado de Sergipe: saberes e tecnologias para implantação de uma política. Editora FUNESA. 1ª Ed. Aracaju-SE, 2011.

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  72. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são unidades de saúde locais que oferecem atendimentos de cuidados intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar àqueles com grave sofrimento psíquico. Eles também contam com o apoio de uma equipe multidisciplinar, cujo papel é a reinserção social dos usuários através do trabalho, do exercício dos direitos civis e dos laços familiares.
    Este modelo foi proposto inicialmente na Itália e trazido ao Brasil com algumas adaptações a fim de continuar a Reforma Psiquiátrica Brasileira e de manter a luta contra os manicômios. Esta Atenção à Saúde Mental possibilitou o surgimento de uma rede substitutiva (e não complementar) ao Hospital Psiquiátrico. Seu objetivo é tratar de forma adequada a saúde mental, oferecendo acompanhamento clínico à população.
    O tratamento oferecido pelo CAPS é dividido em três modalidades: intensivo, semi-intensivo, não intensivo. Os atendimentos clínicos são diários, evitando as internações hospitalares psiquiátricas; acolhem aqueles que possuem transtornos mentais graves e persistentes e em crises; fortalecem os laços familiares e comunitários; promovem a reinserção social individual etc. Ou seja, consegue recuperar a autonomia do indivíduo através de um tratamento adequado. O CAPS preocupa-se com o sujeito e sua singularidade, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana.
    O SUS é o gestor responsável por definir a melhor maneira de responder às demandas da saúde mental do município, planejando ações em benefício à população. Para isso, esforços não são contidos. Os projetos desses serviços podem, inclusive, ultrapassar a própria estrutura física do CAPS.
    Foi emocionante ouvir os relatos dos funcionários do CAPS Liberdade. Ficou evidente que eles realmente se importam com os pacientes. Não podemos simplesmente excluir estas pessoas do convívio social. Precisamos tratá-las como cidadãos e perceber suas particularidades. Cada um tem o direito de conquistar seus desejos e de buscar aquilo que lhe faz feliz.
    Referências:
    Legislação em Saúde Mental: 1990 - 2004 / Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Secretaria de Atenção à Saúde - 5. ed. ampl. - Brasília: Ministério da Saúde, 2004
    Saúde Mental no SUS: os Centros de Atenção Psicossocial / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas - Brasília: Ministério da Saúde, 2004

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  73. A visita ao Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) Liberdade, localizado no bairro Siqueira Campos, Aracaju, realizou-se em 14 de março de 2013 sob orientação do auxiliar de atividades multidisciplinares Aragão e a assistente social do CAPS.
    Assim que chegamos ao local estavam todos os usuários presents reunidos em assembleia juntamente com os funcionários responsáveis. Neste primeiro instante já me surpreendi pois não sabia da abertura que os usuários tinham de reclamar sobre problemas individuais que o incomodavem quanto usuários. Esta medida é ao meu ver perfeitamente correta e válida para o aprimoramento das atividades e condutas locais.
    Após a assembléia a assistente social e Aragão nos conduziram a uma sala onde nos explicaram sobre o funcionamento básico do CAPS, exemplificando-nos.
    O CAPS possibilitou-nos organização de uma rede substitutiva ou alternativa ao Hospital Psiquiátrico em todo Barsil. São instituições de saúde mental que oferecem serviços diários através de cuidados intensivos, semi-intensivos ou não intensivos a pacientes com sofrimento psíquico. Isto é realizado com o auxílio de uma equipe equipe multidisciplinar: psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, profissionais da educação física, dentistas ,psicoterapeutas, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais, através de oficinas.
    Além do atendimento através de consultas médicas, odontológicas e dos demais profissionais da saúde, há trabalhos que procuram inserir os usuários socialmente com oficinas de música, teatro, pintura e artes em geral.
    No CAPS Liberdade isso é bastante presente e realizado pelo professional que ajudou-nos nas explicações: Aragão. Ele realiza oficinas para confecção de bijouterias, pintura, música; além de realizer tarefas for a do CAPS, levando-os a praias, parques e a diversos passeios para que possam ter mais contato social fora da instituição.
    Este é outro ponto muito positivo pois os pacientes psiquiátricos não necessitam apenas de remedies. A saúde envolve o bem-estar quanto ser humano em sociedade e isto é realizado com maestria pelo CAPS.
    Tal atividade deveria ser complementada pelos familiares, porem a maioria faz-se ausente. Foi relatado pela assistente social que nas reunioes familiares no máximo 10 famílias comparecem, em um montante de 520 usuários.
    Além das terapias coletivas deve-se dar destaque ainda para as terapias individuais, destinadas a usuários que necessitam de maior atenção.
    Integra-los é uma forma de conhecê-los melhor e além das receitas e prontuários médicos.
    O CAPS liberdade está na classificação tipo III, funcionando 24h por dia com atendimento ambulatorial; o atendimento emergencial é feito de segunda a quinta, caso o usuário venha a ter alguma crise nos fins de semana ele é encaminhado para uma urgência pelo SAMU.
    Conhecer melhor o funcionamento do CAPS ajudou-nos não apenas como forma de enriquecer os conhecimentos como estudantes de medicina, mas também como cidadãos.


    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela
    http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/SM_Sus.pdf

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  74. No dia 14 de março de 2013, continuamos nossas visitas referentes à matéria de Saúde Coletiva III. Dessa vez a entidade visitada foi o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS), localizado no bairro Siqueira Campos, Aracaju - SE.

    Fomos apresentados pelos gestores Larissa e Aragão, os quais nos prestaram todas as informações precisas para o total entendimento do funcionamento do local.

    Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental, têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário.

    É função dos CAPS:

    - prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos;
    - acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território;
    - promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais;
    - regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação;
    - dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica;
    - organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios;
    - articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território
    - promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

    Há cinco tipos de CAPS. Eles diferem quanto sua clientela (adultos, crianças/adolescentes e usuários de álcool e drogas), o contingente populacional a ser coberto (pequeno, médio e grande porte) e o período de funcionamento (diurno ou 24h). A saber: CAPS I - serviços para cidades de pequeno porte, que devem dar cobertura para toda clientela com transtornos mentais severos durante o dia (adultos, crianças, adolescentes e pessoas com problemas devido ao uso de álcool e outras drogas); CAPS II - serviços para cidades de médio porte , que atendem durante o dia clientela adulta; CAPS III – serviços 24h, geralmente disponíveis em grandes cidades, que atendem clientela adulta; CAPSi – serviços para crianças e adolescentes, em cidades de médio porte, que funcionam durante o dia; CAPS ad – serviços para pessoas com problemas pelo uso de álcool ou outras drogas, geralmente disponíveis em cidades de médio porte.

    A visita foi excelente para nossa formação como médicos generalistas, pois mesmo sabendo um pouco (teoricamente) sobre o CAPS, visitá-lo mudou nossa visão. O receio inicial foi substituído pela percepção da importância do serviço prestado na comunidade, além da grande significância do convívio social para aqueles pacientes. Da mesma forma que "invadimos" as outras especialidades com nossos saberes, deveremos saber um pouco mais dos cuidados especiais com os portadores de deficiência mental. Afinal a psiquiatria também faz parte do saber médico.

    REFERÊNCIAS:

    http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela
    Saúde Mental no SUS: os Centros de Atenção Psicossocial / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas - Brasília: Ministério da Saúde, 2004






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  75. VISITA AO CAPS, ocorrida no dia 14 de Março de 2013:
    O Centro de Atenção Psicossocial é uma parte o Sistema Único de Saúde relacionada à saúde mental. Os CAPS surgiram após a Reforma Psiquiátrica e tem como objetivo de substituir o modelo hospitalocêntrico, evitando as internações e favorecendo o exercício da cidadania e da inclusão social dos usuários e de sua família.
    A visita ao CAPS nos mostrou o quanto a saúde mental é importante. logo ao chegarmos, fomos recebidos por uma paciente em crise, e isso chocou muitos estudantes.
    Depois, assistimos a uma assemblélia dos usuários do CAPS. Os usuários eram orientados pelos funcionários. Mesmo assim os usuários eram livres para se expressar.
    Após a assembléia, assistimos à uma palestra ministrada pela a funcionária Larissa e pelo oficineiro Aragão. eles nos explicaram brevemento sobre o funcionamento do CAPS Liberdade. Esse centro funciona 24 horas, atende em torno de 500 portadores de doença mental. o corpo de funcionários é multidisciplinar, com psiquiatra, psicólogo, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, oficineiros e educador físico. Eles tem a função de acolher bem os usuários, desenvolvendo diversas atividades. Esse centro também acolhem pacientes no período noturno.
    A visita nos fez refletir sobre a importância da atenção aos portadores de doenças mentais, visto que essas doenças são muitas vezes incapacitantes e sem cura. Todos nós somos seres humanos e devemos ajudar uns aos outros.
    REFERÊNCIAS:
    (1) Ministério Público Federal. Declaração de Caracas. Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/saude-mental/declaracao_caracas.
    (2) http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf

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  76. Relatório de Visita ao CAPS Liberdade – Lucas Teixeira Vieira

    A visita realizada no 15/03/2013 foi ao CAPS Liberdade, no Bairro Siqueira Campos, e contou com a supervisão do prof.º João Batista. A sigla CAPS significa Centro de Atenção Psicossocial, um dispositivo de atenção à Saúde Mental. De acordo com o Ministério da Saúde, seu objetivo é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
    O louco, desde sociedades pré-históricas, é um excluído. Michel Foucault, ao estudar a história da loucura, nos mostra que ele já foi visto por diversas concepções: possuído por espíritos obsessores, despossuído de razão, alienado mental, sendo que a concepção que vigora atualmente é a de que o louco é uma doente mental. No século XVIII, surge a “grande ideia” de que o louco deveria viver enclausurado num hospital psiquiátrico, excluído de vez do convívio social, paradigma que vigorou no Brasil praticamente até o final da década de 70. A cultura hospitalocêntrica saiu, então, de cena no contexto da reforma psiquiátrica. Houve a iniciativa de uma ampla mudança do atendimento público em Saúde Mental, garantindo o acesso da população aos serviços e o respeito a seus direitos e liberdade. No lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade.
    Atualmente, a base desse novo atendimento é o CAPS. Os serviços oferecidos por ele devem ser substitutivos, e não complementares ao hospital psiquiátrico. De fato, o CAPS é o núcleo de uma nova clínica, produtora de autonomia, que convida o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento. Gostaria de incluir nesse referencial teórico inicial que, de acordo com o portal da saúde do SUS, existem cinco tipos diferentes de CAPS. São eles: CAPS I - são serviços para cidades de pequeno porte, que devem dar cobertura para toda clientela com transtornos mentais severos durante o dia (adultos, crianças e adolescentes e pessoas com problemas devido ao uso de álcool e outras drogas); CAPS II - são serviços para cidades de médio porte e atendem durante o dia clientela adulta; CAPS III – são serviços 24h, geralmente disponíveis em grandes cidades, que atendem clientela adulta; CAPSi – são serviços para crianças e adolescentes, em cidades de médio porte, que funcionam durante o dia; e CAPS ad – são serviços para pessoas com problemas pelo uso de álcool ou outras drogas, geralmente disponíveis em cidades de médio porte, funcionando durante o dia. O CAPS visitado encontra-se na classificação tipo III, funcionando 24h.
    Com relação ao CAPS Liberdade, ele atende a pessoas com transtornos mentais moderados ou graves, numa faixa etária entre 16 e 70 anos. Apresenta uma demanda de cerca de 520 pacientes, sendo que em torno de 200 são ativos. Além disso, conta com uma equipe multidisciplinar, possuindo psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, oficineiro e educador físico. O atual prédio, apesar de um pouco rudimentar, conta com sala de acolhimento, consultórios para atendimento individual, duas salas de repouso com leitos - sendo uma para os homens e outra para as mulheres -, posto de enfermagem, refeitório, sala de oficina e sala para grupos terapêuticos, além de uma área livre para a prática de esportes. Além disso, o CAPS Liberdade também oferece atendimento noturno para os pacientes em crise, dispondo de oito leitos.

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  77. O tratamento no CAPS é baseado em muitos pilares, não apenas na terapia medicamentosa. Também há acolhimento e escuta, criação de vínculo, a psicoterapia, oficinas e até a contenção verbal ou física em crises agudas. Desse modo, tenta-se promover a autonomia do paciente, e não institucionalizá-lo. Como bem citou Maria, “cada paciente é uma pessoa que possui uma doença e não uma doença que possui uma pessoa, de tal modo que cada indivíduo merece um projeto terapêutico singular, merece cuidado e atenção”. O “carro chefe” desse tratamento diferenciado são as oficinas, que têm como objetivo desenvolver habilidades, como a melhora da coordenação motora e do discurso. Estimula-se que o paciente reconheça e admita o seu transtorno mental.
    Com relação à minha vivência pessoal, não foi a primeira vez que eu entrei em contato com um paciente psiquiátrico, já que visitei algumas vezes a ala psiquiátrica do HU, mas foi a primeira vez que eu fui a um CAPS. A sensação é muito diferente: são muitos pacientes ao mesmo tempo, sendo muitos tão “normais”. Como frisou o colega Dimas, os usuários da unidade formam um bastante grupo heterogêneo. “Em alguns, percebe-se facilmente que há algum distúrbio mental. Em outros, só após algum tempo notamos algo diferente. Alguns são bastante comunicativos, outros são mais reclusos.” Além disso, não são poucas as dificuldades enfrentadas por esses pacientes, sendo, talvez, a maior delas o abandono da família, a recusa em cooperação. A equipe procura fazer visitas domiciliares para avaliar o ambiente do usuário, o convívio com os seus familiares e acompanhar de perto a sua evolução, numa tentativa de barrar esse negligenciamento da família. Outra dificuldade exorbitante é o preconceito. De acordo com Luciene Spadini, “é importante ressaltar a necessidade de esclarecimento da população sobre a doença para que os preconceitos e estigmas diminuam”.
    Certamente foi muito gratificante a visita ao CAPS Liberdade. Vivenciamos um pouco de todo o estudo do semestre sobre psicopatologia, de tal modo que aguardo com ansiedade a psiquiatria, no 7º período. Por fim, gostaria de frisar que saúde mental, como foi muito bem ensinado esse semestre, não é a ausência de conflitos internos, mas o equilíbrio entre esses conflitos, de modo que “não há louco que não seja lúcido e nem lúcido que não seja louco” (Augusto Cury).

    Referências Bibliográficas

    1- Portal da Saúde. Centros de Atenção Psicossocial. Link: .http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela. Acesso em 19 de Abril de 2013.

    2 – Portal da Saúde. O que é reforma psiquiátrica. Link: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33929. Acesso em 19 de Abril de 2013.

    3 – Portal da Saúde. Tipos de CAPS. Link: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33882. Acesso em 19 de Abril de 2013.

    4 – SPADINI, Luciene; el al. A doença mental sob o olhar de pacientes e familiares. Link: http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/228.pdf. Acesso em 19 de Abril de 2013.

    5 – HENRIQUES, Rogério Paes. Psicopatologia Crítica: Guia Didático para Estudantes e Profissionais de Psicologia. São Cristóvão: Editora UFS, 2012.

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  79. Dia 14 de março de 2013 foi feita uma visita ao CAPS - Liberdade, localizado no Bairro Siqueira Campos. Assim que chegamos, percebi que estava ocorrendo uma espécie de assembléia com os funcionários e os usuários do CAPS, na qual se discutiam metas, novos programas, queixas, sugestões, e isso me surpreendeu pela possibilidade de os usuários expressarem suas opiniões. Creio que dessa forma há uma maior adesão ao tratamento e gera uma aproximação positiva entre os funcionários e os usuários.
    O CAPS, de maneira geral, visa ao atendimento da população, tanto seu atendimento clínico, quanto sua reinserção social. Não é só tratar crises, é tentar fazer com que o indivíduo consiga viver em sociedade, mesmo com suas peculiaridades. Há uma equipe multidisciplinar: psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, profissionais da educação física, dentistas ,psicoterapeutas, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. Uma das grandes finalidades do CAPS é evitar a internação do usuário.
    O CAPS é integrante do SUS, e se articulam bastante com a rede de serviços da região. Tem a função de dar suporte e supervisão à rede básica também, além de promover oficinas, esportes, etc. Com relação ao CAPS Liberdade, ocorre o atendimento de pessoas com transtornos mentais moderados ou graves,entre 16 e 70 anos. Apresenta uma demanda de cerca de 520 pacientes, sendo que em torno de 200 são ativos.
    Referências:

    1- Portal da Saúde. Centros de Atenção Psicossocial. Link: .http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela.

    2- Ministério Público Federal. Declaração de Caracas. Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/saude-mental/declaracao_caracas



    Thayane Sobral Cardoso

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